Sarcopenia em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico : um estudo transversal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pena, Émerson
Orientador(a): Monticielo, Odirlei André
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/255192
Resumo: Base teórica: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune inflamatória crônica com envolvimento multissistêmico. Diversos órgãos e sistemas podem ser afetados, como o sistema musculo esquelético. Essa condição inflamatória pode levar à diminuição da força e da massa muscular e, consequentemente, à sarcopenia. A sarcopenia é considerada uma doença muscular que pode resultar na diminuição da funcionalidade física do paciente, no qual resulta também o aumento de riscos de quedas, fraturas, hospitalização e mortalidade. Apesar de ser um achado clínico relevante, a sarcopenia ainda é um assunto pouco estudado no LES. Objetivo: (1) Realizar uma revisão sistemática com meta-análise para verificar a força muscular, massa muscular e performance física em pacientes com LES (artigo 1), (2) avaliar a prevalência de sarcopenia de acordo com diferentes critérios de classificação diagnóstica (EWGSOP2) (artigo 2), (3) verificar qual desses critérios de classificação diagnóstica é mais sensível e específico para pacientes com dano cumulativo do LES (artigo 2) e (4) avaliar a relação entre a prevalência de sarcopenia e parâmetros clínicos (artigo 2). Métodos: Foi realizado uma revisão sistemática com meta-análise de estudos observacionais (artigo 1). Esta revisão incluiu artigos com dados de força muscular, massa muscular e performance física de pacientes com LES. A seguir, ainda com o objetivo de avaliar a prevalência de sarcopenia no LES, foi proposto um estudo transversal. Foram incluídas mulheres com LES (18 a 50 anos) e os seguintes dados foram coletados: tempo de doença, índice de dano (SLICC/ACR-DI), atividade da doença (SLEDAI-2k), tratamento farmacológico, qualidade de vida (SLEQoL), nível de atividade física (IPAQ) e força muscular. A massa muscular foi mensurada através do exame de Absorciometria por raios-X com dupla energia. Além disso, avaliamos por 3 parâmetros distintos, sendo massa muscular apendicular esquelética (ASM), ASM/altura² (ASMI) e ASM/Índice de massa muscular (IMC). A função física foi avaliada através do teste timed up and go (TUG) e da bateria curta de performance física (SPPB). Foram realizadas análises descritivas, coeficientes de correlação de Pearson ou Spearman, análise de sensibilidade e teste qui-quadrado. Considerou-se significância estatística p<0,05. Resultados: Na revisão sistemática com meta-análise, foram encontrados 607 artigos completos. Após a revisão detalhada dos artigos, 19 artigos foram incluídos no nosso estudo e 11 artigos foram incluídos na meta-análise. Os principais achados desta revisão sistemática com meta-análise foram que pacientes com LES parecem ter menos força muscular avaliada pela preensão manual do que controles saudáveis (LES=21,74 kg; controles saudáveis=29,34 kg; p<0,05). Pacientes com LES parecem ter maior força que paciente com artrite reumatoide (AR), mas essa diferença não foi estatisticamente significativa (AR=17,24 kg; p=0,210). Pacientes com LES com artropatia deformante apresentam menor força muscular do que pacientes com LES sem artropatia deformante (p<0,01). A massa muscular foi semelhante nos pacientes com LES em relação ao grupo AR e controles (p>0,05). A função física parece estar regular nos pacientes com LES. No estudo transversal, foram incluídas 49 pacientes com idade de 35,0 (28,0–43,5) anos e tempo de doença de 8,0 (4,0– 14,5) anos. A cronicidade e atividade da doença estavam baixas, 0,0 (0,0–1,0) e 2,0 (0,0–4,0), respectivamente. Doze pacientes estavam em uso de corticoides nos últimos 12 meses e a dose cumulativa foi de 2,73 (1,18–6,63) gramas. A prevalência de sarcopenia foi de 16,3% seguindo os critérios de classificação diagnóstica EWGSOP2 (teste de levantar-se da cadeira e ASM). Os pacientes apresentaram força muscular avaliada pelo teste de pressão palmar de 24,71±9,01 kg. Quando avaliada pelo teste de levantar-se da cadeira, a força muscular foi de 14,32±3,68 segundos. Os pacientes tiveram massa muscular avaliada pelo ASM de 17,03±2,32 kg, pelo ASMI de 6,70±0,88 kg/m² e pelo ASM/IMC de 0,63±0,11 kg. A função física se mostrou preservada nesses pacientes. Além disso, o diagnóstico de sarcopenia avaliado pelo teste de levantar-se da cadeira e ASM apresentou maior sensibilidade (28%) para pacientes com dano cumulativo da doença (SLICC/ACR-DI >0). Por fim, não houve associação entre sarcopenia e idade, duração da doença, cronicidade da doença, atividade da doença, dose cumulativa de corticosteroide, qualidade de vida e nível de atividade física (p>0,05). Conclusão: A força muscular está alterada em pacientes com LES e pacientes com LES com artropatias deformantes têm menos força muscular do que pacientes sem artropatias deformantes. Em nosso estudo transversal a prevalência de sarcopenia foi de 16,3% em pacientes com LES. O diagnóstico de sarcopenia avaliado pelo teste de sentar e levantar e ASM demonstrou ser mais sensível (28%) para pacientes com dano cumulativo da doença. Entretanto, não foi encontrada associação de parâmetros clínicos com sarcopenia. Portanto, estudos longitudinais devem ser desenvolvidos para avaliar os fatores de risco para sarcopenia em pacientes com LES.