Decolonialidade, interculturalidade e educação física escolar: uma pesquisa-ação participante com o sexto ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Abya Yala

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ricardo, Karoline Hachler
Orientador(a): Wittizorecki, Elisandro Schultz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/281718
Resumo: Esta pesquisa tem o objetivo de identificar e compreender as afetações (aprendizagens, (re)significações, impactos, ressonâncias, transformações) produzidas pela e na professorapesquisadora, pelos(as) e nos(as) estudantes e pela e na coletividade de pessoas (que são heterogêneas) que compõem a comunidade escolar, acerca da Educação Física com uma turma dos anos finais do ensino fundamental da Escola Estadual Abya Yala, em Porto Alegre/RS, a partir de uma proposta/intencionalidade político-pedagógica atravessada pelos pressupostos da decolonialidade e da interculturalidade, bem como dos temas concomitantemente trabalhados. O desejo e compromisso da professora aproximava-se da possibilidade de uma construção coletiva das aulas de Educação Física com os(as) estudantes, razão pela qual a pesquisa-ação participante foi o caminho teórico-metodológico escolhido. Como fonte de produção de informações foram utilizadas as entrevistas coletivas com os(as) estudantes; entrevistas individuais com a equipe diretiva e o professor de Educação Física dos anos iniciais do ensino fundamental da escola; os materiais produzidos pelos(as) estudantes nas aulas de Educação Física e as notas de campo da professora-pesquisadora. O trabalho de campo aconteceu no ano letivo de 2023, entre os meses de fevereiro e dezembro, e foi realizado com uma turma de sexto ano. O estudo possibilitou compreender que a decolonialidade e a interculturalidade enquanto perspectivas político-pedagógicas são possibilidades potentes para a produção de outros modos de se pensar, agir e viver a Educação Física nos anos finais do ensino fundamental, que convida os(as) estudantes a explorarem e (re)conhecerem diferentes formas de ser, estar, viver e existir no mundo e diferentes formas de compreender e (res)significar os corpos e as práticas corporais, assim como possibilita processos de resistência e existência coletiva frente a atitudes de desigualdades e preconceitos. Por outro lado, foi possível compreender que tal perspectiva e práxis educativa pautada no diálogo e que convida os(as) estudantes a serem agentes e protagonistas dos próprios processos formativos, encontra bastante resistência de quem nela está envolvido(a), ou é convidado(a) a se envolver e participar, porque trata de um percurso que demanda reflexão sobre a ação, que é permeado por questionamentos, incertezas, transformações, portanto, algo que geralmente é desconfortável e desestabilizador. Igualmente, não trata de um método de ensino, ou seja, não configura um caminho pré-definido que traga garantias de aprendizagens na sua plenitude ou de resultados supostamente dados e/ou compreendidos como “certos” e/ou “errados”. Não garante, portanto, uma determinada formação e constituição de sujeitos(a). Isso porque, o que o(a) outro(a) aprende nos escapa, pois parte da premissa de que estamos atravessados(as) pelos nossos percursos e desejos. Nessa perspectiva, diante de todos os limites e as possibilidades deste estudo, foi possível aprender o ensinar como um processo planejado endereçado a outras pessoas, não de forma arbitrária, mas sim através de movimentos que tornem possível a palavra circular. A decolonialidade e a interculturalidade, desse modo, surgem como um convite endereçado aos(às) estudantes a atravessarem saberes-fazeres que possam explorar questões étnico-raciais, não brancos, questões de gênero, jogos e brincadeiras da cultura indígena e da cultura africana, entre outros. Em síntese, a aposta se deu nesses convites, no encontro, no diálogo, na oferta e no que tudo isso fez circular, entendendo que cada um(a) experienciou e atribuiu diferentes significados ao que viveu.