Deficiência de biotinidase : avaliação de uma amostra de pacientes brasileiros com atividade reduzida da biotinidase

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Borsatto, Taciane
Orientador(a): Schwartz, Ida Vanessa Doederlein
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/196633
Resumo: A deficiência de biotinidase (DB) é uma doença autossômica recessiva na qual estão prejudicadas tanto a obtenção da biotina a partir da dieta, quanto a reutilização da mesma, levando à deficiência de determinadas carboxilases dependentes de biotina. A DB pode ser total (atividade residual menor que 10%) ou parcial (10-30% da média da atividade normal) e heterozigotos apresentam atividade enzimática intermediária entre a dos afetados e a dos homozigotos normais. No Brasil, a frequência da DB combinada (DB total + DB parcial) parece ser uma das mais altas já relatadas, entre 1:6.843-1:62.500 nascidos vivos (incidência mundial estimada: 1:60.089 nascidos vivos). A idade do aparecimento das manifestações clínicas é variada, e essas incluem problemas neuropsicomotores, dermatológicos e metabólicos. O gene que codifica a biotinidase, BTD, é composto por quatro éxons, e alguns genótipos específicos apresentam uma boa associação com o nível de atividade enzimática. A confirmação da DB é baseada na medida da atividade da biotinidase no plasma, teste que pode ser falsamente reduzido devido à labilidade da enzima, prematuridade e icterícia, o que dificulta a classificação fenotípica e a decisão sobre instituição da terapia - suplementação oral de biotina livre. No final de 2012, a pesquisa da DB foi incluída no Programa Nacional de Triagem Neonatal, e, com a disponibilidade do exame pelo sistema público de saúde em todo o país, espera-se um aumento do número de crianças identificadas com atividade da biotinidase reduzida. O objetivo deste estudo foi caracterizar o perfil clínico e genético de uma amostra de pacientes brasileiros com atividade reduzida da biotinidase. O estudo foi observacional, multicêntrico e a amostragem foi por conveniência, sendo sequenciados os éxons 2, 3 e 4 do gene BTD. Foram incluídos 38 indivíduos com fenótipos bioquímicos definidos a priori a partir dos níveis de atividade da biotinidase em soro/plasma (deficiência total= 2; deficiência parcial= 9; heterozigotos= 15; limítrofe entre deficiência parcial e heterozigoto= 1; limítrofe entre heterozigoto e normal= 2) ou papel-filtro (n= 9, todos com tipo de deficiência não discriminada), a maioria proveniente da região sul do Brasil (n= 29/38) e identificados por triagem neonatal (n= 33/38). Consanguinidade parental foi relatada em dois casos. As variantes mais frequentemente encontradas nos pacientes foram c.1330G>C (p.D444H), c.755A>G (p.D252G) e c.[1330G>C;511G>A] (p.[D444H;A171T]), cujas frequências alélicas foram 50%, 9,4% e 5,4%, respectivamente. Três novas variantes patogênicas foram identificadas (c.119T>C ou p.L40P, c.479G>A ou p.C160Y e c.664G>A ou p.D222N). Vinte e nove pacientes tiveram duas variantes patogênicas detectadas (em 26/29 o estado de cis/trans pode ser determinado), seis apenas uma variante e três nenhuma variante detectada. A genotipagem confirmou a classificação feita a partir da atividade enzimática em 16/26 casos. Em indivíduos controles, foram identificadas três variantes polimórficas, sendo duas não patogênicas (c.1171C>T ou p.P391S e c.1413T>C ou p.C471C, com frequência de 1,5% e 5,5%, respectivamente) e uma patogênica (c.1330G>C, com frequência de 4%). Os nossos dados sugerem que a DB parcial é o tipo mais comum de DB no Brasil, e ampliam a heterogeneidade alélica já descrita para essa doença.