Três estudos econométricos sobre o papel das reservas internacionais brasileiras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Nunes, Danielle Barcos
Orientador(a): Portugal, Marcelo Savino
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/18306
Resumo: Nesta tese são desenvolvidos três estudos sobre as reservas internacionais brasileiras, utilizando diferentes técnicas econométricas, com o objetivo de determinar a influência de medidas absolutas e relativas de reservas sobre o rating soberano de crédito e o spread soberano, bem como o nível adequado para garantir a liquidez externa. As análises foram feitas com dados mensais do período jan/2000-jun/2008. No primeiro estudo, mostrou-se que diferentes medidas de reservas internacionais apresentam efeito significativo na explicação do rating soberano de crédito, através de modelos ordered logit para a média dos ratings emitidos pelas três principais agências (Moody's, Standard & Poors e Fitch). Entretanto, o indicador de maior poder explicativo não foi o nível absoluto de reservas, mas a razão entre dívida pública externa líquida e PIB. Outras variáveis de destacada importância na maioria dos modelos foram o percentual da dívida interna de curto prazo, investimento estrangeiro direto/PIB e inflação. Variáveis tradicionalmente utilizadas como indicadores de liquidez, como razão reservas/importações e conta corrente/PIB, não foram significativas na maioria dos modelos. Os resultados confirmam os indícios contidos no discurso das agências de rating, quanto à importância das reservas internacionais em sua avaliação, embora alertando que outras variáveis, como perfil de endividamento do governo e perspectivas de crescimento, são também fundamentais. O segundo estudo de caso encontrou relação significativa entre as reservas internacionais e o spread soberano, através de modelos de correção de erros. O efeito estimado do rating soberano foi não-significativo ou pouco explicativo, comparado aos fundamentos, provavelmente devido à volatilidade do spread soberano em resposta a variações nas condições do mercado, ao contrário do rating. O melhor modelo obtido utilizou o nível absoluto de reservas, evidenciando também efeitos significativos da aversão global ao risco, taxas de juros internacionais e crises políticas internas. Os resultados desse estudo indicam custo marginal decrescente das reservas internacionais e a necessidade de considerá-lo endógeno em modelos de minimização de custos para determinação do nível ótimo de reservas. O terceiro estudo implementou a metodologia de Liquidity-at-Risk sugerida por Greenspan (1999) para avaliar a adequação do nível de reservas internacionais para a manutenção da liquidez externa. Para a medida de liquidez reservas/dívida externa de curto prazo (razão de Guidotti), estimou-se que o nível de reservas internacionais mantidas pelo Brasil em jun/2008 (US$200 bilhões) era aproximadamente o dobro do necessário para garantir uma razão de Guidotti superior a 1, com 99% de probabilidade, durante 24, 36 ou 48 meses. Em diversos cenários alternativos de percentual das dívidas externa e interna de curto prazo, meta de superávit primário, índice de aversão ao risco e taxas de juros externas, as reservas iniciais necessárias situaram-se em US$85-105 bilhões. A análise de custos revela que o aumento das reservas diminui os juros médios da dívida, embora efeito maior pudesse ser alcançado através do aumento do superávit primário. As evidências sugerem que a motivação das autoridades brasileiras para a manutenção de reservas em torno de US$200 bilhões não é puramente precaucionária, admitindo as hipóteses de ganho de credibilidade e flexibilidade para a execução da política fiscal.