Avaliação neurofisiológica do nervo vago através da eletroneuromiografia laríngea : estudo normativo, correlação com os testes de avaliação dos distúrbios autonômicos e aplicabilidade na doença de Parkinson

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Cristovam, Gisele de Moraes
Orientador(a): Rieder, Carlos Roberto de Mello
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/238968
Resumo: Os distúrbios do sistema nervoso autônomo são frequentes e incapacitantes. A sintomatologia geralmente inespecífica e a falta de critérios objetivos que permitam o diagnóstico inequívoco do comprometimento disautonômico contribui para a demora de atenção especializada e atraso diagnóstico, também pelo conhecimento insuficiente das ferramentas disponíveis para avaliação completa dessa patologia. O nervo vago é o principal responsável pela atividade parassimpática e exerce influência significativa na modulação do sistema cardioneurovascular, essencial na manutenção da homeostase corporal. Com o objetivo de contribuir para o diagnóstico dos distúrbios disautonômicos, propusemos a utilização da eletroneuromiografia laríngea quantitativa como uma nova ferramenta neurofisiológica, explorando a sua utilidade comparativamente a um conjunto de avaliações usualmente utilizados para aferição do funcionamento do sistema nervoso autônomo em indivíduos saudáveis e em pacientes com doença de Parkinson, uma das desordens neurodegenerativas mais frequentes e incapacitantes, cujo processo patológico se associa a disfunção do nervo vago. A bateria autonômica foi composta por testes da variabilidade da frequência cardíaca, testes cardiovasculares provocativos, teste da resposta cutânea simpático reflexa, avaliação pupilar clínica, e Escala de Avaliação dos Distúrbios Autonômicos na doença de Parkinson. Os parâmetros quantitativos de duração e amplitude dos potenciais da unidade motora da musculatura intrínseca da laringe nos indivíduos saudáveis foram semelhantes ao descrito por estudos prévios. Não houve diferença entre os músculos cricotireoideo e tireoaritenoideo, influência da lateralidade ou da idade dos indivíduos. A duração do músculo tireoaritenoideo foi significantemente menor no sexo feminino. A eletromiografia laríngea foi uma técnica segura e com boa tolerabilidade. Nos pacientes com doença de Parkinson, os parâmetros quantitativos da laringe foram semelhantes aos dos sujeitos saudáveis. Estes resultados são condizentes com as observações anatomopatológicas de que a neurodegeneração provocada pelo acúmulo de alfa-sinucleína na doença de Parkinson preserva o núcleo ambíguo, ocorrendo preferencialmente no núcleo dorsal motor do nervo vago. A avaliação autonômica evidenciou critérios para neuropatia autonômica incipiente em alguns indivíduos saudáveis e a maioria destes também apresentavam alterações neurofisiológicas da musculatura laríngea, achados que podem corresponder a distúrbios assintomáticos do nervo vago. Houve diferença significativa dos resultados dos testes autonômicos entre pacientes com doença de Parkinson e indivíduos saudáveis. Além disso, houve forte correlação dos achados eletromiográficos da musculatura laríngea com os testes do sistema nervoso autônomo tanto nos indivíduos saudáveis, como nos pacientes com doença de Parkinson. Concluímos que a eletromiografia laríngea pode ser uma nova ferramenta neurofisiológica, minimamente invasiva, capaz de otimizar a avaliação autonômica, possibilitando o diagnóstico de alterações patológicas precoces em indivíduos assintomáticos e nos pacientes acometidos por desordens do nervo vago.