Jornalistas metrificados e a plataformização do jornalismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Kalsing, Janaína
Orientador(a): Gruszynski, Ana Claudia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/232189
Resumo: A sociedade contemporânea está imersa em um amplo processo de plataformização (VAN DIJCK; POELL; DE WALL, 2018) e dataficação (VAN DIJCK, 2014). E o jornalismo digital, área de concentração desta tese, deve ser pensado dentro deste contexto, tendo em vista que o uso intenso de dados vem impactando a natureza e a forma dos produtos jornalísticos. Nesse sentido, há pouco mais de uma década, o uso de softwares para medir o comportamento dos leitores em sites de jornais tem transformado o significado e as práticas do jornalismo. A popularização dessas ferramentas, acessadas por meio de programas como Chartbeat e Google Analytics, modifica fluxos, altera rotinas e aciona questionamentos sobre valores fundamentais do jornalismo, como decidir o que é notícia e o que merece ser destacado. A partir dessa problemática, esta tese investiga a percepção dos jornalistas sobre as métricas de audiência e sua influência nas rotinas de produção e nos valores jornalísticos. Para responder aos objetivos propostos, além da revisão bibliográfica, foi adotada a combinação de dois métodos: a entrevista de tipo qualitativa semiestruturada e a análise de conteúdo. O corpus da pesquisa é composto por 12 entrevistas semiestruturadas com profissionais que atuam ou tenham trabalhado nas redações digitais de Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Zero Hora/GaúchaZH. Os resultados apontam para a existência de um “jornalista metrificado”, profissional que monitora de forma instantânea, incessante e rotineira o comportamento da audiência e, a partir disso, mobiliza esforços de reportagem e edição para alcançar o maior número possível de leitores. Esses índices de audiência alteram critérios, caso da pauta, edição e reportagem, e valores-notícias são ressignificados. Ainda, há uma transferência de responsabilidades, com o jornalista se corresponsabilizando pelo sucesso ou fracasso comercial do veículo. O profissional, à procura de seguir e superar metas, coloca-se como “empreendedor de si” (DARDOT; LAVAL, 2016), competindo dentro do próprio ambiente da redação e consigo mesmo. Além do impacto emocional, tanto de sofrimento como de satisfação, valores do jornalismo e dos jornalistas são alterados, gerando conflitos, relações de trabalho degeneradas e alteração na percepção do profissional em relação a si próprio.