Contribuições para o entendimento da heterogeneidade na sintomatologia e nas taxas de tratamento do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Massuti, Rafael
Orientador(a): Rohde, Luis Augusto Paim
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/234575
Resumo: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurodesenvolvimental prevalente que se caracteriza por sintomas de desatenção e/ou de hiperatividade/impulsividade inapropriados para a faixa etária do indivíduo, causando-lhe prejuízo. Apesar de ser um dos transtornos psiquiátricos mais pesquisados da literatura mundial, seguem existindo debates quanto à sua existência, sobre a existência de sub ou sobrediagnóstico do transtorno, assim como um sub ou sobretratamento farmacológico dos pacientes. Estes questionamentos são alavancados pela notória heterogeneidade do TDAH, cujas apresentações variam amplamente em razão de fatores etiológicos (genéticos e ambientais), perfis e gravidade de comorbidades, evolução de sintomas ao longo do tempo, e resposta às terapias farmacológicas ou não farmacológicas. Neste trabalho, buscamos contribuir para o entendimento da heterogeneidade do TDAH, abordando a psicometria de seus sintomas sob a ótica das análises de rede e abordando a questão do sub ou sobretratamento do TDAH em nível mundial por meio de uma metanálise. Munidos das últimas atualizações e desenvolvimentos no campo de Análise de Redes, avaliamos as inter-relações de sintomas de TDAH e comparamos as estruturas de sintomas em diferentes contextos etários e amostrais. Além disso, abordamos a questão de sub e sobretratamento medicamentoso do transtorno em crianças e adolescentes através de uma revisão sistemática e metanálise de todos os estudos na literatura que avaliam o tratamento farmacológico do TDAH. Para tal, incluímos estudos baseados em prescrições, questionamentos ou registros em prontuários, de pacientes avaliados direta ou indiretamente para o diagnóstico ou ausência de diagnóstico de TDAH. As análises de rede demonstraram um bom agrupamento dos sintomas sob o formato bidimensional típico do TDAH. Os testes de estabilidade indicaram que somente o índice de força foi estável o suficiente para avaliação e, mesmo assim, apresentou alta variabilidade dentre sintomas de acordo com o contexto amostral. Encontraram-se diferenças estruturais e globais entre as amostras de crianças e adultos. Nossos achados condizem com estudos psicométricos clássicos, corroborando a alta heterogeneidade sintomática do TDAH. Os achados reforçam a importância de aplicar análises de estabilidade de rede antes de interpretações dos achados em estudos subsequentes. Apontamos diferenças nesta nova abordagem que podem contribuir para o entendimento do transtorno e para o desenvolvimento futuro de novas estratégias diagnósticas. A revisão sistemática e metanálise de toda a literatura disponível a respeito de tratamento farmacológico do TDAH focou-se primeiramente em amostras de crianças e adolescentes que usaram métodos validados de diagnóstico. Nestes, 19,1% (IC 95%: 11,5 - 29,9) dos diagnosticados com TDAH recebem tratamento farmacológico, enquanto 0,9% (IC 95%: 0,5 - 1,7) dos que possuem diagnóstico negativo também recebem tratamento farmacológico para o TDAH. Encontramos alta heterogeneidade, conforme esperado, influenciada principalmente pela avaliação da qualidade, país e desenho dos estudos incluídos. Nossos achados demonstram claramente a existência concomitante dos fenômenos de sub e sobretratamento do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade e que tais estão presentes difusamente por países culturalmente distintos.