Eficácia, efetividade e segurança de metilfenidato no tratamento de Transtorno de Déficit de Atenção e de Hiperatividade (TDAH): revisão sistemática com metanálise

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Melo, Roberta Crevelário de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-19082024-163254/
Resumo: Introdução: O transtorno de déficit de atenção e de hiperatividade (TDAH) é afecção psiquiátrica complexa que afeta crianças e adolescentes em fase escolar e que pode continuar na fase adulta. Diversos tratamentos farmacológicos são utilizados isoladamente ou concomitantemente a outras intervenções psicossociais, sendo metilfenidato um dos mais prescritos. Contudo, o fármaco (e os demais) não está disponível na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais no Sistema Único de Saúde, no entanto, muitos municípios e até alguns estados da Federação fizeram a inclusão de metilfenidato em suas listas de medicamentos. Assim, compreender os efeitos e a segurança no uso de metilfenidato no tratamento de crianças e adolescentes com TDAH é indispensável para ampliar as opções de tratamento que se julguem necessários. Objetivos: Avaliar a eficácia e segurança de metilfenidato no tratamento de crianças e adolescentes com diagnóstico de TDAH. Métodos: Realizou-se uma revisão sistemática com metanálise de ensaios clínicos randomizados (ECR) e de coortes abrangendo crianças e adolescentes ( 6 anos a 18 anos) com diagnóstico de TDAH que usaram metilfenidato em comparação a outros fármacos. As buscas foram feitas em quatro bases de dados científicas (Pubmed, Embase, Cochrane, Lilacs) e na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, utilizando descritores de saúde apropriados e com validade pela Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. O risco de viés foi avaliado por meio de instrumento da Colaboração Cochrane para ensaios clínicos (e ROBINS-I [Risk of Bias of Non-randomised Studies of Interventions] para as coortes). Foram analisados os resultados de sintomas de desatenção, hiperatividade, impulsividade, desempenho escolar, qualidade de vida e eventos adversos. Resultados: Foram incluídos 33 estudos, sendo 28 ECR e cinco coortes. Os estudos compararam metilfenidato a 13 fármacos: Adderall®; agomelatina; amantidina; atomoxetina; bupropiona; buspirona; modafinil; memantina; lisdexanfetamina; risperidona; selegilina; teofilina; venlafaxina. Os sintomas de TDAH em crianças e adolescentes foram examinados em 29 escalas/questionários, e investigados os eventos adversos em geral e 35 deles específicos. A maioria dos estudos apresentou algum tipo de risco de viés considerado incerto ou alto. Na melhora de sintomas de TDAH, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os medicamentos, exceto nas metanálises de CGI-I <2 Clinical Global Impression Improvement, com pontuação que varia de muitíssimo melhor ou muito melhor) e CGI ADHD-S (Clinical Global Impressions-ADHD-Severity scale - gravidade da afecção). Os demais resultados de sintomas de TDAH que não puderam ser agrupados, e se apresentam de forma narrativa com resultados a favor de metilfenidato por análise de um estudo, segundo distintos questionários e escalas: CGI-S (Clinical Global Impression-Severity Scale), ADHD-RS-IV-Parent (ADHD-RS-IV-Parent ADHD-Rating Scale-IV versão para pais), ADHD-RS-IV-Teacher (ADHD-RS-IV - Teacher ADHD-Rating Scale-IV versão para professores), ADHD-RS-IV(ADHD-RS-IV - ADHD rating scale IV revision), T-DSM-IV-S (Turgay DSM-IV based Child and Adolescent Behavior Disorders Screening and Rating Scale), C-GAS (Children Global Assessment Scale), PSQ (Parental Satisfaction Questionnaire), WFIRS-P (Weiss Functional Impairment Rating Scale-Parent Report). Houve efeitos inconclusivos, também em somente um estudo, nas escalas de WCT (Wisconsin Card Sorting Test), CBCL (Child Behavior Checklist), SAICA (Social Adjustment Inventory for Children and Adolescents), YSR (Youth Self Report) e SDQ (Strengths and Difficulties Questionnaire). Metilfenidato apresentou menor ocorrência de evento adverso estatisticamente significante relacionado a manifestação de vômito, sonolência, náusea, tontura, fadiga e anorexia. Na avaliação do conjunto de evidências (GRADE - Grading of Recommendation, Assessment, Development and Evaluation), a confiança foi considerada baixa para melhora clínica (CGI-I) e moderada para eventos adversos gerais. Conclusões: O metilfenidato pode ser opção de primeira escolha combinada a tratamentos psicossociais para crianças acima de 6 anos e adolescentes com diagnóstico de TDAH, em situações bem especificadas