Faça essa dor parar! : doença falciforme e a luta por cuidados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Ferreira, Junara Nascentes
Orientador(a): Mello, Luciana Garcia de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/255297
Resumo: Este trabalho tem como tema o racismo que está submetida a população negra. Busca-se analisar a temática a partir da área da saúde, específicamente, a partir da luta empreendida por entidades do movimento negro pelo estabelecimento de uma agenda reivindicatória voltada ao estabelecimento de uma política pública voltada a doença falciforme (DF). Esta doença foi pontuada como de incidência nesta população, dados vieram a comprovar que mais de 90% das pessoas com DF eram negras. Diante da ausência histórica de atuação do Estado brasileiro na área da saúde e, sobretudo, em questões relativas à saúde da população negra, pode ser pensada como mais uma faceta de uma necropolítica. Tal como propõe Mbembe (2018), a necropolítica é concebida como o uso do poder e da política para condicionar a existência humana, elegendo quem pode viver e quem deve morrer, centralmente, baseada nas relações entre raça e racismo. A simbologia da doença falciforme como representativa do racismo no Brasil foi colocada em cena com a finalidade de justificar a necessidade de uma política específica. Assim, esta tese tem como objetivo analisar a luta por cuidados dirigidos à DF, visando compreender se há, através de uma política afirmativa de saúde voltada à população negra, a superação de uma necropolítica. Busca-se responder a seguinte questão: a política direcionada aos cuidados de pessoas com doença falciforme, representa a superação de uma necropolítica? Para isso, mobilizam-se os referenciais teóricos da biopolítica, do biopoder, da necropolítica, do necropoder, assim como da resistência ao poder. Foram realizadas observações da atuação reivindicatória de uma Associação de pessoas com doença falciforme, aplicação de um questionário online voltado às pessoas com DF, além de uma pesquisa documental. Com a finalidade de alcançar os objetivos e responder a questão da tese se utilizou como ferramenta metodológica o método genealógico, segundo Foucault. Os resultados obtidos indicam a presença de um movimento reivindicativo ativo que denuncia a falhas importantes na executabilidade da política nos serviços de saúde, através, principalmente, de estratégias tácitas que mantêm processos necropolíticos na atenção à saúde das pessoas com DF. Além disso, as percepções das pessoas com DF demonstram a presença constante, principalmente, de discriminações raciais e econômicas na assistência à saúde. Com isso, considera-se que mesmo diante da existência de uma política afirmativa voltada para a população negra ainda se mantém, paralelamente, uma estruturação que garante a persistência da necropolítica. Logo, não há uma superação efetiva de uma necropolítica mesmo diante de políticas específicas direcionadas à população negra.