Repercussão da infecção por SARS-CoV-2 em crianças tratadas em serviços de oncologia, hematologia ou transplante de medula óssea no Brasil : estudo multicêntrico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Corso, Mariana Cristina Moraes
Orientador(a): Michalowski, Mariana Bohns
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/247561
Resumo: Introdução: No final do ano de 2019, um novo Coronavírus foi identificado por cientistas chineses em Wuhan, na China. Denominado como SARS-CoV-2, em razão da sua grande semelhança com a já conhecida Síndrome Respiratória Aguda Grave, o vírus se propagou rapidamente para outros países incluindo o Brasil. Devido a suas dimensões continentais e diferenças regionais significativas, o país tem enfrentado um grande desafio em estabelecer estratégias adequadas para mitigar o forte impacto causado pela chegada da COVID-19, doença causada pelo SARS-CoV-2, no território nacional. Poucos relatos descrevem o impacto desse vírus na população de pacientes pediátricos com câncer ou submetidos ao transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH). Menos frequentes ainda são as descrições das situações dessas crianças em países de baixa ou média renda. Objetivo: descrever a apresentação clínica e a evolução de crianças com câncer e pacientes submetidos a transplante de células-tronco hematopoiéticas acometidos pela COVID-19. Métodos: estudo nacional multicêntrico retrospectivo. Centros foram convidados a participar através da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) e Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH). Com a utilização do software Redcap® foram registrados, nos 35 centros participantes, pacientes adultos e pediátricos em acompanhamento com suspeita de infecção por SARS-CoV-2 ou que tenham sido expostos à pessoa contaminada. As variáveis registradas incluíram sintomas clínicos, método diagnóstico, medidas terapêuticas e local de tratamento. Além disso, as repercussões da infecção no tratamento inicial e no prognóstico geral também foram avaliadas. Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do HCPA. Resultados: Cento e setenta e nove crianças com câncer foram diagnosticadas com SARS-CoV-2. Crianças com IMC baixo ou alto para a idade apresentaram sobrevida global menor 71,4% e 82,6%, respectivamente, do que aquelas com IMC adequado à idade (92,7%) (p= 0,007). A gravidade da apresentação ao diagnóstico foi significativamente associada ao pior desfecho (p< 0,001). A mortalidade geral na presença de infecção foi de 12,3% (n=22). Entre os 86 pacientes receptores de TCTH e diagnosticados com SARS-CoV-2 acompanhadas neste estudo, 24 eram crianças e 62 eram adultos. Desse total, 26 pacientes morreram. A sobrevida global estimada (SG) no dia 40 foi de 69%. Os adultos apresentaram SG inferior às crianças (66% vs 79%, p= 0,03). A gravidade dos sintomas no momento do diagnóstico, escore ECOG, exames laboratoriais (proteína C reativa, valores de ureia) foram maiores nos pacientes que foram a óbito (p< 0,05). Conclusões: Em crianças com câncer e COVID-19, o menor IMC foi associado a um pior prognóstico. A mortalidade neste grupo de pacientes (12,3%) foi significativamente maior do que a descrita na população pediátrica em geral (~1%). No que se refere aos receptores de TCTH infectados com SARS-CoV-2 também foi observada uma alta taxa de mortalidade principalmente em adultos e pacientes com apresentação inicial crítica de COVID-19. Esses achados mostram a fragilidade de ambos os grupos estudados à infecção por SARS-CoV-2 e evidencia a importância da adesão dessas populações às medidas preventivas, além da vacinação dos familiares e equipe assistencial.