Memória ambiental na bacia do UNA : estudo antropológico sobre transformações urbanas e políticas públicas de saneamento em Belém (PA)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Soares, Pedro Paulo de Miranda Araújo
Orientador(a): Eckert, Cornelia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/207184
Resumo: Historicamente, populações amazônicas são bem adaptadas aos regimes de cheias sazonais dos rios nas regiões de várzea, em grande parte através de estratégias de mobilidade para áreas mais altas e secas dos sítios disponíveis. No entanto, a sedentarização em centros urbanos alterou o relacionamento entre homem e água no contexto amazônico ribeirinho. Este relacionamento passou a ser mediado por políticas públicas de saneamento, drenagem e abastecimento de água, assim como pelas estratégias cotidianas de uma população migrante que se instala nas cidades em terrenos úmidos, baixos e próximos a cursos d'água. Esta pesquisa foi realizada na Bacia Hidrográfica do Rio Una em Belém (PA), uma área que abrange 20 bairros da capital paraense com uma grande diversidade socioeconômica e de arranjos entre cidade e natureza. As regiões mais pobres da Bacia do Una, em sua maioria, são aquelas que ainda sofrem com deficiências de saneamento, drenagem e outras formas de infraestrutura urbana. Este trabalho usa o conceito de memória ambiental para discutir sobre a relação entre a cidade e suas águas a partir da trajetória de sujeitos que se estabeleceram em terrenos baixos e alagáveis em função das chuvas e marés altas. Valoriza-se o ponto de vista desses sujeitos sobre as transformações de sua relação com um ambiente marcado pela presença das águas, sendo que suas trajetórias de migração e fixação no território estão ligadas aos processos de ocupação do solo e urbanização de Belém, principalmente no que diz respeito ao manejo dos recursos hídricos urbanos e saneamento da cidade. Na medida em que a cidade se transforma, imprimindo impactos significativos nos espaços de pertencimento de seus habitantes, estes também reconfiguram seus papéis enquanto atores políticos no cenário urbano. A etnografia realizada em Belém revelou que moradores da Bacia do Una descobriram a si próprios como cidadãos quando viram seus direitos violados em função de irregularidades e omissões em políticas públicas para saneamento, vias e drenagem. Assim, as transformações urbanas na Bacia do Una motivaram contatos de moradores com parlamentares, com lideranças comunitárias, com o poder judiciário e com planejadores, engendrando engajamentos políticos e mobilizando a memória na construção de narrativas que expressam injustiças e desigualdades urbanas.