Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Casagrande, Alana |
Orientador(a): |
Coelho-de-Souza, Gabriela |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/96704
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Resumo: |
No litoral do Rio Grande do Sul vivem comunidades como a da Lagoa do Bacupari e de remanescentes de quilombo de Casca, situadas no município de Mostardas, que estão vivendo intensas dinâmicas ambientais decorrentes de mudanças provindas do tempo da modernidade. A partir de uma experiência etnográfica integrada a uma abordagem etnoecológica, esta dissertação objetivou compreender como as dinâmicas ambientais se articulam à constituição de historicidades locais e à produção do conhecimento intergeracional em famílias extensas representantes das comunidades estudadas. Compreendeu-se o ambiente a partir de uma perspectiva relacional e, portanto, constituído a partir das mútuas interações com as pessoas que o habitam. O objetivo principal desdobrou-se nos objetivos específicos: caracterizar as historicidades ambientais locais, a partir de tempos e eventos narrados e significativos na vida das famílias extensas, identificar e descrever conhecimentos e práticas da vida das famílias, e analisar a articulação das dinâmicas ambientais aos processos de produção de conhecimento intergeracional. A descrição de tempos e eventos, frutos do trabalho da memória coletiva, expressou a importância das relações ecológicas em cada contexto etnográfico. Igualmente, esta caracterização evidenciou historicidades singulares e complementares, contribuindo para o entendimento das relações entre pessoas e seus ambientes em um âmbito regional. Para este entendimento foram analisadas as percepções das famílias extensas em torno das diferentes formas de interação com os ambientes, conduzidas pelas comunidades locais e pelas elites político-econômicas, que vem impondo o projeto modernizador do monocultivo de arroz irrigado nos latifúndios. Este projeto promove conflitos, pois desconsidera desejos e direitos coletivos pleiteados pelas comunidades locais, reproduzindo a histórica desigualdade social que remete ao tempo da escravidão. Os saberes e práticas conduzidas pelos interlocutores em seus ambientes foram identificados, descritos e analisados a partir de processos educativos, históricos e ecológicos, discutidos pelo referencial teórico da “educação da atenção” (INGOLD, 2010), que compreende o conhecimento como produzido a partir das experiências compartilhadas entre as gerações nos seus ambientes. Assim, é discutido como os processos de produção de conhecimento intergeracional permitem que estes grupos, cada um ao seu modo, conservem a autonomia sobre o saber-fazer e construam seus futuros, em meio aos sucessivos projetos de desenvolvimento que chegam às suas vidas. Ainda assim, incorporar a esta análise a dimensão cosmológica se revelou essencial para compreender suas percepções sobre os ambientes. Os valores e motivações orientam formas singulares de conhecer e transformar o mundo, denotando ecologias e cosmologias próprias de reconhecimento e engajamento em uma natureza vivida e próxima, sempre nutridas pelas relações entre ancestrais e seus sucessores. Nestes processos de aprendizagem e elaboração de historicidades locais se expressam múltiplas formas de engajamento nos ambientes, como maneiras de habitar um mundo e experienciar o tempo, constituindo pertencimentos e modos de vida, tanto específicos quanto compartilhados entre as duas famílias extensas. A apreensão dos processos de produção do conhecimento intergeracional foi favorecida pelo convívio junto às pessoas de diferentes gerações em cada família extensa. A opção por um trabalho etnográfico integrado a uma abordagem etnoecológica promoveu o diálogo de saberes por uma prática interdisciplinar, o que é fundamental para o fortalecimento e legitimação de formas alternativas de conhecer e transformar os ambientes. |