Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Feira, Mariléa Furtado |
Orientador(a): |
Vianna, Fernanda Sales Luiz |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
eng |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/265201
|
Resumo: |
A Covid-19 (doença do coronavírus 2019), é uma doença infecciosa causada pelo Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2) é transmitida principalmente pelo contato direto do indivíduo infectado. Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou a Covid-19 como uma pandemia. É observado um grande espectro das manifestações clínicas da doença, mas de forma geral a mediana de idade dos pacientes de Covid-19 internados é de 58 anos (IQR: 44-72), e os homens compõem a maior parcela de casos graves. As comorbidades mais comuns relatadas são doenças cardíacas, diabetes, hipertensão e obesidade. Os pacientes de Covid-19 podem ser classificados de acordo com a gravidade de seus sintomas, enquanto os sintomáticos leves apresentam sintomas gripais (tosse, falta de ar, febre e fadiga), alguns pacientes desenvolvem Covid-19 grave, e necessitam de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e ventilação mecânica. Foi observado que concentrações mais altas de interleucina (IL)-6, IL-1β e Fator de Necrose Tumoral alfa (TNF-α), se correlacionaram com a gravidade da doença. Vários estudos mostraram aumento de IL-6 em pacientes hospitalizados com Covid-19 e sua associação com gravidade e mortalidade. A IL-1β é um mediador essencial da resposta inflamatória e, assim como a IL-6, está envolvida em vários processos celulares durante a resposta imune, como proliferação, diferenciação e apoptose celular. Níveis elevados de IL- 1β no tecido pulmonar têm sido associados a desfechos graves de Covid-19, incluindo ventilação mecânica invasiva. Alguns estudos também relacionam o TNF- alfa como biomarcador de gravidade. Os níveis dessas citocinas são regulados por diferentes fatores, incluindo variantes genéticas, e é bem conhecido que variantes genéticas do hospedeiro desempenham um papel fundamental na suscetibilidade ou gravidade de diferentes infecções virais. Assim, este estudo teve como objetivo avaliar variantes genéticas funcionais nos genes TNF (rs1799964, rs1800630, rs1799724, rs1800629 e rs361525), IL6 (rs2069832, rs2069840, rs2069845 e rs1800795), e IL1B (rs4848306, rs1143623, rs16944 e rs1143627), e correlacioná- las aos desfechos da Covid-19. Avaliamos uma amostra de 439 indivíduos com teste RT-PCR positivo para SARS-Cov-2, coletados de abril de 2020 a março de 2021, diagnosticando pelo Laboratório Central do Rio Grande do Sul (LACEN). Dados clínicos e demográficos da amostra foram obtidos a partir do registro do Sistema de Notificações de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SIVEP- GRIPE) e o DNA do hospedeiro foi extraído a partir de swabs nasofaríngeos coletados para diagnóstico. A extração do DNA ocorreu por uma metodologia de salting out desenvolvida in house e a genotipagem das variantes foi realizada por PCR em tempo real com ensaios TaqMan. As análises descritivas das características clínico-demográficas da amostra foram apresentadas como frequências absolutas e relativas, assim como medianas e intervalos interquartil. As comparações entre as frequências alélicas e genotípicas para pacientes hospitalizados e não hospitalizados foi realizada através do teste de qui-quadrado e a avaliação do risco do alelo ou genótipo nos desfechos foi analisada por regressão de Poisson com variâncias robustas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O número total de pacientes analisados foi de 439 indivíduos, sendo que 217 (49,4%) foram hospitalizados e o número de indivíduos que não necessitam de internação foi de 210 (47,8%). Os homens representaram 56,6% dos pacientes com necessidade de internação, e a mediana de idade geral da amostra foi de 53 anos (IQR 36,0- 69,0). Em relação aos sintomas da Covid-19, febre, e tosse foram registradas com maior frequência entre todos os pacientes. Fadiga, dificuldade para respirar e saturação de oxigênio <95% foram relatadas com maior frequência entre os indivíduos que necessitaram de internação, enquanto dor de garganta e perda de paladar e olfato foram estatisticamente associadas ao grupo de indivíduos que não necessitou de internação. As comorbidades mais prevalentes foram cardiopatias (81,1%, p < 0,001) e diabetes (81,1%, p < 0,001), ambas mais frequentes em pacientes hospitalizados. As frequências alélicas e genotípicas não diferiram entre hospitalizados e não hospitalizados para as variantes de IL6 e IL1B. Para o gene TNF, as variantes -1031T>C (rs1799964), -863C>A (rs1800630), -857C>T (rs1799724) mostraram-se estatisticamente diferentes entre hospitalizados e não hospitalizados. Embora nenhuma variante de IL1B tenha se mostrado estatisticamente diferente entre os grupos, um modelo de regressão de Poisson foi analisado considerando a variante -511 de IL1B (rs16944) que apresentou uma diferença genotípica entre grupos com um valor de p=0,15. Neste modelo, o genótipo AG de IL1B -511 (rs16944) foi associado a um caráter protetor em relação a desfechos mais graves da Covid-19 (RR 0.75, 95% CI 0.62-0.91, p < 0.001). A variante -1031T>C (rs1799964) foi a única que permaneceu estatisticamente significativa no modelo multivariado de regressão de Poisson. O genótipo CT apresentou um caráter protetor para a gravidade da Covid-19 (RR 0,74, IC 95% 0,61-0,91, p < 0,001). Embora não tenhamos encontrado outros estudos avaliando o impacto especificamente dessas variantes na Covid-19, podemos levantar a hipótese de que a presença de ambos os alelos desses genes no genótipo heterozigoto poderia ser benéfica devido ao equilíbrio na expressão de citocinas, já que ambas as variantes são funcionais e impactam a expressão dos genes. Este é o primeiro estudo a encontrar associações entre variantes de IL1B e TNF relacionadas ao desfecho da Covid-19 na população brasileira. As análises e resultados obtidos nesse estudo podem contribuir para a compreensão da variabilidade imunogenética do hospedeiro humano e os diferentes desfechos da Covid-19. |