A alfabetização científica de estudantes de licenciatura em ciências biológicas e sua influência na produção de materiais didáticos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Lima, Amanda Muliterno Domingues Lourenço de
Orientador(a): Garcia, Rosane Nunes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/143007
Resumo: Atualmente o que se verifica é que o ensino de Ciências, de um modo geral, tem priorizado essencialmente a aprendizagem de conceitos, em detrimento de uma compreensão mais ampla da ciência. Ao observar o sistema de ensino brasileiro, é possível perceber que a escola não acompanhou os avanços e o desenvolvimento do mundo atual priorizando o acúmulo, a memorização e a repetição dos conteúdos. Isso porque a educação vem se desenvolvendo de forma totalmente descontextualizada da realidade do mundo, através de um sistema educacional muito influenciado pelas teorias curriculares tradicionais. O currículo escolar tem reforçado as relações de poder existentes em um sistema hierárquico de autoridade que prioriza uma minoria da classe dominante sem considerar uma educação e uma cultura para diversidade. A escola tem silenciado as tensões existentes dentro da sala de aula, de modo que é um número cada vez maior de estudantes que ficam a margem do ensino, não sendo protagonistas de seu processo de aprendizagem. Os estudantes não tem percebido a escola como um espaço do qual façam parte e, como consequência, assiste-se um aumento dos números de reprovação e evasão escolar. Fazendo parte desse contexto da educação escolar brasileira, está o ensino escolar de ciências, com o agravante de ser uma área do conhecimento científico com um status que a define, aumentando ainda mais esse abismo. Muitos estudos tem demonstrado que o ensino atual transmite visões da ciência que não refletem como se constroem e evoluem os conhecimentos científicos, excluindo uma parcela da sociedade de suas concepções e de seus procedimentos. A Ciência possui um status de verdade que a define devido principalmente a uma concepção amplamente difundida de que o conhecimento científico é o conhecimento confiável porque é o conhecimento provado objetivamente. Embora muito se discuta nos cursos de formação de professores, o que se observa é a reprodução desse sistema educacional nas escolas. O primeiro motivo para esse pensamento comum é a influência de uma formação ambiental que reflete aulas experimentadas e modelos vivenciados como algo natural que passam a ser incorporados pelo professor em formação, constituindo-se como verdadeiro obstáculo as práticas educativas. O outro fator se refere à orientação dos cursos de licenciatura em ciências naturais que correspondem à soma de uma formação científica básica e de uma preparação pedagógica geral. Assim a Alfabetização Científica (AC) tem sido considerada como uma alternativa que privilegia não só um maior compromisso com o ensino de ciências, mas também um maior compromisso com a formação de professores. A AC não diz respeito somente ao processo de saber ler e escrever em uma linguagem científica, mas muito mais do que isso, busca desenvolver habilidades nos sujeitos de modo que os tornem capazes de refletir sobre questões científicas nas mais diversas áreas de sua vida, auxiliando-os na tomada de decisões e em seu posicionamento crítico. Essa foi uma pesquisa qualitativa em que foi utilizado como método o estudo de caso, pois investigou a Alfabetização Científica de doze estudantes de Licenciatura em Ciências Biológicas e a sua influência na seleção e produção de materiais didáticos. Como ferramentas de análise foi utilizada a aplicação de dois questionários abertos e de um teste embasado no Test of Basic Scientific Literacy (TBSL). Os questionários e os materiais didáticos foram analisados através da abordagem metodológica de análise de conteúdo com o auxílio do software QSR International NVivo 10. Esse estudo se dedicou a verificar a influência da AC dos estudantes de Licenciatura em Ciências Biológicas nos materiais didáticos que produziram ao longo da disciplina de Estágio de Docências em Ciências no primeiro semestre de 2013. Embora alfabetizados cientificamente, os estudantes não conseguiram transpor essa alfabetização para os materiais didáticos. Isso porque muito provavelmente esses estudantes trazem consigo concepções de ensino e da ciência que acabam influenciando sua prática docente. Ressalta-se assim a importância da AC no contexto de formação inicial de professores para um ensino de ciências que ultrapasse o conceitual, contribuindo para o desenvolvimento da educação científica para a cidadania. A pesquisa também possibilitou uma reflexão sobre a importância da discussão por parte dos professores em formação a propósito das implicações de suas concepções deformadas em relação ao ensino e a ciência. Estas questões podem estar contribuindo para uma postura de transmissão passiva de informações, influenciando a educação científica, que sem uma reflexão em relação aos contextos sociais e históricos que influíram em sua origem e constituição, perde o sentido social e cultural do fazer científico. Para superar essa realidade propomos um currículo para a formação de professores que tenha como perspectiva as três dimensões da AC.