Estudo de alguns casos de instabilidade da encosta da Serra Geral no Estado do Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Pinheiro, Rinaldo Jose Barbosa
Orientador(a): Bressani, Luiz Antonio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/118558
Resumo: Este trabalho apresenta um estudo de alguns casos de instabilidade na encosta da Serra Geral no Estado do Rio Grande do Sul. A encosta da Serra Geral na sua borda leste apresenta-se como um paredão abrupto entalhado por profundos canyons os quais são orientados segundo um sistema de falhas regionais. As encostas da borda leste são formadas por litologias pertencentes à Formação Serra Geral (rochas vulcânicas básicas e ácidas) e Formação Botucatu. Na borda leste foram descritos vários casos de instabilidade ocorridos no vale do rio Três Forquilhas, quando da abertura da rodovia RS-486 (Rota do Sol). Neste área verificou-se que os movimentos de massa são os fluxos de detritos e quedas de blocos nas cotas mais altas, principalmente nas rochas vulcânicas ácidas, e os movimentos de tálus e massas coluviais na porção intermediária e próximo ao fundo dos vales em rochas vulcânicas básicas e solos de alteração. Várias rupturas em taludes de solo e rocha alterada envolveram a mobilização da resistência ao cisalhamento residual. A encosta sul da Serra Geral desenvolve-se como uma borda profundamente erodida e as escarpas vão gradualmente diminuindo de altitude de leste para oeste. Nas encostas da borda sul afloram várias formações sedimentares principalmente as Formações Rosário do Sul, Santa Maria e Caturrita. Na borda sul foram examinados casos de instabilidade nas localidades de Taquara- Gramado, Teutônia, São Vendelino, Candelária, Santa Cruz do Sul, Malhada, Faxinal do Soturno e Santa Maria. A encosta até a região de Santa Cruz do Sul apresenta movimentos de massa associados a colúvios argilosos sobre rocha basáltica ou arenítica. Os materiais envolvidos são originados da Formação Serra Geral e da Formação Botucatu. A partir desta área os sedimentos das Formação Santa Maria (siltitos vermelhos) tornam-se importantes nos processos de instabilidade de encostas e taludes. Nos taludes de Faxinal do Soturno e Malhada as camadas siltosas da Formação Santa Maria tiveram grande importância nos processos de instabilidade. Alguns dos casos de instabilidade estudados apresentavam superfícies de ruptura com aspecto estriado e brilhante em camadas com elevada concentração de argilo-minerais. Foram realizados ensaios ring shear em 26 solos do estado com o objetivo de investigar os mecanismos de mobilização da resistência residual. Os tipos de solos estudados incluíram colúvios sobre basaltos e siltitos; solos residuais de basalto; solos saprolíticos granulares de granito; solos residuais de arenito, de siltito e de argilito e argilas de preenchimento de juntas de basalto. Os valores de Ø'r variaram entre 7º e 36º. A interpretação dos resultados permitiu a identificação de 5 grupos principais de comportamento de solos. Em Faxinal do Soturno um talude sofreu um processo de ruptura ao longo de uma superfície claramente definida e com características peculiares. Os materiais envolvidos foram colúvios siltosos sobre siltito vermelho da Formação Santa Maria. A superfície de ruptura apresentava-se lisa e polida, com um índice de vazios e teor de umidade mais elevados. Através de microscopia eletrônica verificou-se uma orientação das partículas de argila da superfície de ruptura na direção do movimento. Retro-análises do talude indicaram a mobilização da resistência ao cisalhamento residual ao longo desta superfície. Em Malhada um grande escorregamento de solo e rocha envolvendo a borda do platô basáltico da Formação Serra Geral, arenitos da Formação Botucatu e siltitos da Formação Santa Maria ocasionou a abertura de uma grande fossa com 30m de profundidade e movimentos de massa numa área de cerca de 60 hectares. Levantamentos topográficos, geofísicos e geológicos foram realizados na área. Foram realizadas sondagens e instalados piezômetros, marcos superficiais e inclinômetros para monitoramento da encosta. Ensaios de laboratório foram executados para determinar os parâmetros de resistência dos diversos materiais envolvidos. Os movimentos desta encosta são complexos e parecem reproduzir o mecanismo de evolução natural das escarpas na região. A resistência residual do siltito foi mobilizada.