Quando migrar é resistir : as experiências de haitianas e haitianos na cidade de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Paula, Larissa Cykman de
Orientador(a): Jardim, Denise Fagundes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/178193
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo abordar as experiências de haitianas e haitianos residentes na cidade de Porto Alegre. Com o propósito inicial de dar visibilidade para os novos fluxos migratórios que chegam ao Brasil, foi realizada uma etnografia na Vila Esperança Cordeiro e seu entorno, na Zona Norte da cidade, entre os anos de 2014 e 2016. Neste trabalho, a migração é problematizada como uma forma de resistência, em que o ato de migrar pode ser compreendido como uma ação adotada em face das vivências no país de origem e estando relacionada à luta por direitos humanos tanto na relação mantida com o Haiti como na inserção no Brasil. Abordo como a noção de resistência permeia a esfera local, nacional e global, sendo inicialmente pensada a partir da sua presença na história haitiana e na relação com a diáspora haitiana. Destaco que as noções de agência e de resistência são elementos que perpassam todo o campo etnográfico. A ideia de resistência é problematizada a partir das contribuições de Scott, que destaca as estratégias de resistência cotidianas. Inspirada pela antropologia da experiência, principalmente a partir de Das e de Fassin, abordo a importância de dialogar com os interlocutores ressaltando suas vozes através das histórias de vida, dos testemunhos e narrativas. Neste ponto, a partir das contribuições de Spivak, destaco as especificidades das experiências das mulheres haitianas, compreendendo quais são as dinâmicas de solidariedade existentes nas suas relações que se contrapõem à imposição do silenciamento e invisibilidade da mulher. Acompanhei ao longo da pesquisa etnográfica os espaços que eram percorridos e as relações que iam se formando, a partir das quais pude perceber a formação de diferentes redes de apoio. A noção de rede abordada neste trabalho tem como inspiração as contribuições de Latour sobre o movimento de seguir os atores e suas inovações e de Ingold acerca da compreensão dos fluxos e contra-fluxos. Acompanhando as redes percorridas pelos(as) migrantes em campo foi possível elaborar um “mosaico” destas redes, percebendo que ao longo do trajeto estas redes vão se cruzando e não estão isoladas. É a partir destas questões que esta dissertação busca compreender alguns aspectos vivenciados por haitianas e haitianos em Porto Alegre, destacando, porém, as suas contribuições enquanto uma etnografia que dialoga com uma realidade específica e localizada. Por fim, este trabalho incita a reflexão sobre estratégias voltadas para a inserção e o respeito à dignidade humana das e dos migrantes.