O Afeganistão e sua modernização fracassada : da construção do Estado à Revolução de Abril

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lima, Gabriela Ruchel de
Orientador(a): Vizentini, Paulo Gilberto Fagundes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/258949
Resumo: O presente trabalho busca contextualizar, por meio do percurso histórico e político do Afeganistão, as raízes, os condicionantes e os resultados das tentativas modernizadoras pelas quais passou o país. Todas elas foram frustradas, desde a própria construção do Estado e a monarquia secular de Mohammed Zahir Shah, passando pelo período da "Nova Democracia" e a República de 1973, até o governo marxista do Partido Democrático do Povo Afegão (PDPA), que assumiu o poder em 1978, após a Revolução de Saur. Sob as bases complexas de um poder estatal difuso e marcado pela descentralização política, argumenta-se que o padrão das relações estabelecidas entre Estado e sociedade, além de suas próprias idiossincrasias e complexidades, constituiu um dos fatores cruciais para elucidar não apenas o percurso da guerra no Afeganistão, mas também o fracasso de todas as tentativas de ruptura e mudança na ordem social pré-estabelecida, cuja dominação exercida pelos segmentos mais fortes fazia-se perpetuadora do atraso. Ademais, a década de 1980 também evidenciou o enfraquecimento das instituições políticas e militares da sociedade afegã, historicamente marcada por diversas divisões regionais e tribais, seja por motivos étnicos, religiosos ou territoriais. Os diferentes graus de lealdade superavam a identidade nacional, sendo, inclusive, maiores que a ideologia estabelecida pelo PDPA após a Revolução de Saur, em 1978, e a intervenção soviética no ano seguinte. Somando-se a tais fatores, tem-se, ainda, o contexto internacional de Guerra Fria, cujas dinâmicas próprias também contribuíram para que, no recorte temporal escolhido, houvesse não apenas a imersão do país em uma guerra civil, como também o seu incentivo velado por parte de potências estrangeiras, como os Estados Unidos. Motivados, sobretudo, pelo apoio externo fornecido, os grupos contrarrevolucionários travaram uma forte resistência à intervenção soviética e às modernizações propostas, algo que escalonaria o conflito e alteraria consideravelmente o cenário político, econômico e social no Afeganistão.