Entre o fisiológico e o social : modelo médico e modelo social nas pesquisas sobre sexualidade da pessoa com deficiência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Silva Junior, Edson Mendes da
Orientador(a): Seffner, Fernando
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/200619
Resumo: As diferentes concepções acerca da sexualidade da pessoa com deficiência encontram-se constantemente em tensão, coexistindo e interferindo-se mutuamente em virtude do conhecimento científico disponível a cada período histórico, bem como por disputas políticas nos campos da educação, da saúde e dos direitos humanos. Partindo dessa premissa, objetivou-se analisar o que tem sido propagado, em termos de sexualidade daqueles sujeitos, nas pesquisas acadêmicas, assim como identificar de que maneira os modelos médico e social de deficiência incidem na definição dos modos de exercer ou não aquelas sexualidades. Como metodologia, elegeu-se a pesquisa bibliográfica – denominada estado da arte ou estado do conhecimento; e definiu-se, como marco temporal, o período compreendido entre os anos de 2000 e de 2018. Com base no recorte temático – a sexualidade da pessoa com deficiência, selecionou-se, como fontes de busca, as plataformas digitais Scielo; BVS; PEPSIC; Redalyc; LUME; BDTD; BBE; Portal de Periódicos da CAPES e ANPED. Como motor de busca, cruzou-se os descritores deficiência e sexualidade e, por meio da utilização dos operadores booleanos “AND” e “OR”, ambos foram combinados a diferentes descritores. Em um primeiro momento, localizamos 1.549 artigos; 95 teses e 397 dissertações. Contudo, a partir da leitura do título, do resumo e da introdução dos trabalhos levantados, considerou-se que apenas 148 deles abordavam, direta ou indiretamente, temáticas acerca da sexualidade da pessoa com deficiência. Do mesmo, salientamos que, após a leitura daquelas pesquisas na íntegra, observou-se que em muitos trabalhos, dentre os 148 arrolados, havia referência à educação ou orientação sexual, bem como relevante destaque à deficiência mental ou intelectual. Portando, optou-se pela apreciação de 85 pesquisas nas quais as temáticas supracitadas eram o mote e o escopo da investigação. Realizada análise estrutural das pesquisas, os resultados permitiram a identificação de cinco categorias empíricas, que, por conseguinte, resultaram em duas categorias teóricas: (a) deficiência mental ou intelectual: as sexualidades não autorizadas; (b) educação ou orientação sexual e deficiência: corpos moldados à "normalidade". Como resultado, entende-se que a pessoa e sua sexualidade sempre foram vistas através das lentes da deficiência e, essa, sob a perspectiva médica. Do mesmo modo, percebe-se que as distintas compreensões, acerca da sexualidade daqueles sujeitos, indicaram a emergência de um processo simbiótico, no qual não há distinção, seja no modelo médico ou no modelo social, entre deficiência e perda e entre esta e sexualidade. Em suma, as pesquisas elencadas levam-nos a vislumbrar questões relevantes quanto às conexões estabelecidas entre a sexualidade dos ditos normais e dos designados anormais. Nessa perspectiva, defende-se que, ao longo da história, o conceito de sexualidade, quando associado às pessoas com deficiência, assumiu a mesma acepção de deficiência e, por conseguinte, foi associada às questões de saúde tanto nas pesquisas e nos textos das políticas voltadas à educação desses sujeitos, quanto nas convenções internacionais sancionadas como prerrogativa de direito.