Pai, não vês? : o filicídio na teoria psicanalítica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Antoniazzi, Samanta
Orientador(a): Weinmann, Amadeu de Oliveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/234383
Resumo: Nesta dissertação, indaga-se sobre o estatuto do conceito filicídio em psicanálise. Para tanto, lançamos um olhar ao movimento psicanalítico: seria o filicídio um ponto cego de nossa teoria? Se, por um lado, Freud não atentou para o filicídio, por outro, evidencia-se um crescente interesse dos psicanalistas por esse tema. Desses estudos, depreende-se duas obras freudianas utilizadas como base para a estruturação do conceito filicídio: Totem e tabu e Para uma introdução ao narcisismo. Se buscamos pensar a falta de olhar para essa temática no movimento psicanalítico, indagamos ainda se o filicídio não pode ser um ponto cego da própria cultura. Nesse sentido, analisamos duas produções da cultura brasileira contemporânea: as justificativas ao Projeto de Emenda Constitucional que busca reduzir a idade penal no Brasil de 18 para 16 anos e o filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles. Como fundamento dessas abordagens psicanalíticas da cultura, lançamos mão de duas obras freudianas: O delírio e os sonhos na “Gradiva” de Jensen e O Moisés de Michelangelo. Das análises empreendidas, destacamos o filicídio no Brasil através do extermínio da juventude negra e pobre, endossado por uma cultura que não cessa de negar e repetir sua história colonial. O filicídio passa a ser compreendido em íntima conexão com a pulsão de morte. Narcisismo e pulsão de morte vinculam-se ao filicídio através das marcas mortíferas dos investimentos parentais no infans, tanto quando imbuídos de desejo (a criança fixada ao ideal dos pais) quanto nos contrainvestimentos mortíferos (a criança inscrita no avesso do ideal parental). Se a cultura sustenta-se no assassinato de um pai despótico e em sua interdição retroativa, identificamos o filicídio como logicamente anterior ao parricídio, visto que envolve o retorno a um tempo em que o laço do infans ao pai não é simbolicamente mediado.