Intelectuais, literatura e poder em Cabo Verde : lutas de definição da identidade nacional

• Ano de defesa: 1998
• Autor(a) principal: Anjos, José Carlos Gomes dos
• Orientador(a): Coradini, Odaci Luiz
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Antropologia social; Antropologia cultural; Identidade; Cabo Verde
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/249086

Cabo Verde é o arquipélago que fica próximo da costa mais a ocidente do continente africano e cuja elite vive um drama de identidade, oscilando entre a afirmação "de sua" africanidade, lusitanidade ou colocando ênfase na mestiçagem cultural. Esta tese examina dois processos correlacionados: da constituição de elites intelectuais a partir da disputa das várias versões sobre a identidade cultural das ilhas e a problemática da mediação política e cultural, isto é, de como diferentes lógicas (política, literárias) se articulam na relação entre a posição de produtor cultural e a condição de mediação cultural e política. Com essas duas grandes problemáticas nos situamos na continuidade da discussão antropológica que busca simultaneamente transpor o enfoque tradicional na antropologia, dos estudos de comunidade e o seu oposto que é a investigação do "caráter nacional". Por isso colocamos ênfase na análise das relações intergrupais, centrais na articulação entre os agentes orientados por problemáticas locais e aqueles orientados para as grandes questões nacionais. Em Cabo Verde essa condição de mediador político-cultural tem sido disputada, ao longo deste século, por grupos que se definem como intelectuais. Por meio de entrevistas e da reconstrução das trajetórias individuais e dos grupos intelectuais, analisamos as conjunturas de mais intensas mudanças nas representações que as elites fazem de si e da sociedade na qual se acham inseridos. Mais do que demonstrar o caráter arbitrário da invenção de "essências" nacionais como a "cabo-verdianidade", pretendemos estabelecer correlações entre as lutas de legitimação das diversas versões de identidade nacional e a constituição de um espaço de mediação que proporciona importantes lucros materiais e simbólicos a quem o monopoliza.