Solidariedade e organização social : a luta do "Movimento de Ilhéus" pela gestão social do território no arquipélago em Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Bauer, Márcio André Leal
Orientador(a): Carrion, Rosinha da Silva Machado
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/31777
Resumo: A presente tese insere-se um campo de estudos conhecido como Gestão Social. Por definição, esta seria uma gestão pública exercida por diferentes sujeitos sociais em espaços públicos deliberativos. O objeto de estudo é a organização social, para além da perspectiva formal e funcional que caracteriza uma abordagem centrada na dominação. A partir de uma teoria baseada no referencial da dádiva Maussiana, busca-se responder a uma questão fundamental: quais os elementos que constituem a organização social? Ver-se-á que a solidariedade é um desses elementos que fazem com que a organização seja, de fato, “social”. O objetivo desta tese é compreender o processo de construção da organização social em um território a partir da análise das mediações que auxiliam ou impedem o estabelecimento da solidariedade. A investigação que dá suporte a ela foi realizada no bairro Arquipélago em Porto Alegre. Seguindo o caminho metodológico de orientação dialética, buscou-se compreender o exercício da gestão social a partir das ações no cotidiano da comunidade. Descobriu-se que ela não está restrita a mecanismos formais, como conselhos e instâncias de representação; muito menos é a simples articulação em rede de atores formalmente constituídos ou movimentos sociais institucionalizados. Ela vai além, para incluir os recursos informais, como as manifestações, os protestos, as ações simbólicas, os contatos políticos que visam a alcançar diversos fins (redistribuição, o reconhecimento, o respeito e a autonomia). Com efeito, ela supera a fragmentação dos espaços públicos formais para representar algo em movimento, mas estabelecido sobre a base de um território. A partir da observação das lideranças locais, concluiu-se que existe uma organização social do território no Arquipélago, que foi chamada de Movimento dos Ilhéus. Ela acontece a partir de relações intersubjetivas e de identificação entre algumas lideranças que se orientam para a gestão social do território. Dessas relações nasce uma nova forma de solidariedade, capaz de sustentar o vínculo organizacional. Ela vai além do vínculo mais estreito entre aqueles considerados próximos e orienta-se para a transformação das estruturas de dominação. Ela é, ao mesmo tempo, relação entre pessoas e ação política (que se desenrola em diferentes esferas ou espaços). Para o seu estabelecimento ela necessita de algum tipo de mediação. Essas mediações significam métodos, meios ou medidas que tentam transformar o real a partir de um projeto/programa novo. Seriam, portanto, não só as ações de agentes mediadores (governos, ONGs, empresas, movimentos sociais formais, e outros mais), mas também as experiências vividas. Argumentamos que a base dessa solidariedade de novo tipo está na transformação da realidade dos sujeitos, porém esta transformação não se sustenta no sujeito isolado. É preciso que se construa uma realidade social a partir de uma rede de relações significativas (vínculo solidário). Esta rede é impulsionada pela existência de espaços públicos de participação que levam à construção de um (ou mais) propósito(s) coletivo(s) a partir de relações intersubjetivas. Conclui-se afirmando que é desse processo, desencadeado por mediações que provocam novas conjunções e novos movimentos, que nascem as organizações sociais no território.