Comparação dos métodos de avaliação do estado nutricional em pacientes com retocolite ulcerativa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Sperb, Amanda Souza Silva
Orientador(a): Francisconi, Carlos Fernando de Magalhães
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/139780
Resumo: Introdução: A desnutrição é uma característica frequente em pacientes com Retocolite Ulcerativa (RCU) em atividade, porém poucos estudos têm mostrado esse status nutricional em pacientes em remissão. Devido à falta de informações com relação ao estado nutricional dos pacientes com RCU fez-se necessário o desenvolvimento desse estudo para avaliar essa população e prevenir possíveis deficiências que venham a afetar negativamente o curso da doença. Metodologia: Neste estudo transversal foram incluídos 80 pacientes portadores de RCU do Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, atendidos no período de 2014 a 2015, maiores de 18 anos. Foram excluídos pacientes portadores de doença maligna atual, transplantados de órgãos, gestantes e nutrizes, portadores de deficiência física que limitassem a execução dos procedimentos do estudo, portadores de doenças crônicas clinicamente relevantes, e pacientes que já tenham realizado procedimento cirúrgico relacionado à RCU. Os participantes de pesquisa realizaram bioimpedância (BIA), antropometria (índice de massa corporal, dobra cutânea triciptal, circunferência do braço e circunferência muscular do braço), coleta de sangue de hemograma, albumina, transferrina, cálcio, vitamina B12, ferro, Aspartatoaminotransferase (AST) e Alanina Aminotransferase (ALT), Velocidade de Sedimentação Globular (VSG), gama GT, creatinina e Proteína C-reativa (PCR), ), além de realizar o preenchimento de um registro alimentar de 3 dias, Avaliação Subjetiva Global (ASG) e medida força do aperto de mão não dominante (FAM). Resultados: A amostra compôs-se de mulheres, 62,5% (N: 50), média de idade de 45,6 ± 11,7 anos, 96% dos indivíduos eram caucasianos. Cinquenta e cinco por cento da população apresentava pancolite. Os medicamentos, mais utilizados foram os aminossalicilatos (mezalazina) com 30% da amostra. O tempo de diagnóstico dos pacientes foi de 11 ± 7,36 anos. A associação do tempo de doença com desnutrição não apresentou significância estatística, assim como a associação da extensão da doença com desnutrição para cada método utilizado, considerando a extensão máxima (pancolite). Comparando os diferentes métodos de avaliação nutricional 2,5% indivíduos foram classificados como desnutridos pelo Índice de Massa Corporal (IMC), na dobra cutânea triceptal (DCT), circunferência do braço (CB), circunferência muscular do braço (CMB) os pacientes apresentaram valores abaixo dos padrões de normalidade, 72,5%, 55% e 27,5% respectivamente. O FAM demonstrou que 79% dos pacientes apresentavam risco nutricional. Quanto à ASG, 3,8% dos pacientes foram classificados como moderadamente ou suspeita de serem desnutridos. Quanto à avaliação bioquímica os seguintes valores se mostraram abaixo da normalidade: albumina (1 paciente),transferrina, 35%, ferro sérico, 19%, cálcio, 10% , vitamina B12 2,5% ; ácido fólico nenhum dos pacientes apresentou deficiência. Quanto aos níveis de hemoglobina, 16% e hematócrito 25% dos sujeitos de pesquisa apresentaram-se com valor abaixo da normalidade. Os seguintes valores se mostraram acima da normalidade: VSG, 30% e PCR 21%, creatinina 8%, AST 6%, ALT 3% e Gama GT, 14%. Na avaliação nutricional, 35% dos pacientes apresentaram-se desnutridos em 3 métodos, 23% para 2 e 24% para 1 método utilizado; nenhum apresentou desnutrição para as 6 metodologias empregadas. IMC e ASG apresentaram a maior taxa de concordância (TC) entre os métodos (94% de concordância), enquanto FAM e ASG apresentaram a pior TC (19%). Quanto à TC dos métodos de avaliação clínica com marcadores séricos do estado nutricional, IMC e ASG também apresentaram as maiores TC com todos os marcadores séricos (62% a 95%), enquanto FAM apresentou as piores TC (18% a 48%), quando combinado com qualquer das outras variáveis utilizadas. Conclusões: A desnutrição classificada por todos os métodos utilizados não mostrou associação significativa com tempo de doença, bem como com a extensão máxima, mas demonstrou relação com todos os exames bioquímicos quando avaliada por IMC e ASG. Os pacientes apresentaram uma tendência de sobrepeso quando avaliados por IMC, assim como uma parcela dos sujeitos apresentaram um percentual de gordura acima da normalidade. Os sujeitos revelaram um possível risco da força muscular diminuída quando avaliados pela FAM, que não concordou com os outros métodos, assim, nosso estudo sugere que este método não tem utilidade na nossa população. Quando avaliados pelo registro alimentar, apresentaram déficits na ingestão de cálcio e ácido fólico. Os métodos de avaliação nutricional devem ser utilizados respeitando individualidades e disponibilidade de uso, buscando concordância na conclusão da avaliação, sendo que nosso estudo sugere por melhor anuência o uso de IMC em associação com a ASG.