Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Nagamine, Camila Macedo Lima |
Orientador(a): |
Ziegelmann, Patricia Klarmann |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/265135
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Resumo: |
A sobrevida global tem sido utilizada rotineiramente para avaliar o cuidado de pacientes diagnosticados com câncer. Entretanto, a sobrevida global não é específica e não traz informação sobre mortalidade por câncer, visto que utiliza mortalidade por qualquer causa. Alta sobrevida global pode ocorrer em decorrência de poucas mortes por outras causas ou como consequência de baixa incidência de mortes por câncer. Assim, a estimação da sobrevida por câncer agrega informações importantes para avaliar o comportamento da doença. Por outro lado, a maioria dos registros que fornecem dados para obtenção da sobrevida de pacientes com câncer provém de informações sobre a causa da morte apenas por meio de declarações de óbito, as quais não raramente possuem informações incompletas ou imprecisas. Nesse cenário, foi desenvolvido o conceito de sobrevida relativa, a partir do qual as mortes observadas são comparadas com as mortes esperadas da população em geral, permitindo que causas de morte competitivas ao câncer sejam eliminadas das estimativas. Uma limitação desta metodologia é o fato de não permitir a comparação das estimativas entre populações cuja mortalidade em geral e o excesso de mortalidade devido ao câncer depende de variáveis demográficas. O estimador de sobrevida líquida proposto por Pohar Perme em 2012 é uma alternativa da abordagem de sobrevida relativa, que utiliza procedimento de ponderação de probabilidade inversa tornando-o um estimador consistente e não enviesado. Estima a probabilidade de sobrevida na situação hipotética de que a mortalidade por câncer é a única mortalidade possível, ou seja, elimina a dependência da mortalidade por causas externas ao câncer como, por exemplo, a idade. Com base na premissa de que a sobrevida líquida é um importante indicador epidemiológico, que o EPP é apontado como o melhor estimador para a sobrevida líquida e que estimativas de sobrevida líquida utilizando o EPP e dados brasileiros de pacientes com diagnóstico de câncer são escassas, foi elaborada a questão de pesquisa desta tese: Existe estimativas de sobrevida líquida utilizando o EPP de pacientes com diagnóstico de câncer residentes no Brasil? Caso negativo, existem dados disponíveis que possam ser utilizados para fornecer estas estimativas? Nessa perspectiva, esta tese objetivou produzir estimativas de sobrevida líquida em 5 anos para pacientes com câncer usando o estimador Pohar Perme em dados de Registros de Câncer de Base Populacional de Porto Alegre (RS), Brasil. Além da revisão de literatura, dois artigos científicos compõem a tese: O primeiro artigo trata de uma revisão de escopo conduzida conforme as recomendações do Instituto Joana Briggs e que objetivou mapear estudos oncológicos que utilizam o PPE de modo a descrever onde e qual o contexto que o PPE está sendo utilizado e, o que os autores estão apontando como justificativas para seu uso, bem como as limitações encontradas. A revisão de escopo mostrou que as duas principais características do EPP mencionadas pelos estudos como justificativa foram o fato de ser um estimador imparcial (83,5%) e que produz estimativas comparáveis entre populações com diferentes taxas de mortalidade por causas diferentes do câncer (36,47%). Ainda, nenhum estudo apontou limitações do uso do EPP. Concluímos que, o EPP, por ser padrão-ouro para estimar a sobrevivência líquida, deve ser mais utilizado na oncologia, especialmente quando se lida com estudos de base populacional onde o tempo de acompanhamento é longo, aumentando a probabilidade de morte por causas diferentes do câncer e a causa morte não é informação completamente confiável. O segundo artigo apresenta um estudo de coorte retrospectiva e tem o objetivo de estimar a sobrevida líquida em 5 anos de pacientes diagnosticados com um de 19 tipos câncer. Foram analisados 20701 pacientes diagnosticados com um dos 19 tipos de cânceres entre 1 de janeiro de 2005 e 31 de dezembro de 2012. Destes, 11476 (55,4%) eram mulheres, entre as quais os quatro tipos de cânceres mais frequentes foram: mama (43,8%), colo retal (11,1%), pulmão (8,7%) e colo uterino (5,8%). O câncer com menor sobrevida foi o câncer de pâncreas, tanto para as mulheres 11,4% (95%IC: 8,10%-16,1%), quanto para os homens 14,6% (95%IC: 10,7%-20,0%). As maiores estimativas de sobrevidas para as mulheres foram apresentadas nos cânceres de tireoide 90,4%; (95% IC:86,3%-94,8%) e melanoma 79,7% (95% IC: 74,1%-85,8%) e para os homens, nos cânceres de próstata 81,3% (95% IC:79,7%-83,0%) e Melanoma 68,9% (95% IC: 62,3%-76,1%). O câncer de tireoide apresentou maior diferença 67,6% versus 90,4% entre homens e mulheres respectivamente. A sobrevida em 5 anos das mulheres foi maior quando comparada a dos homens para todos os tipos de cânceres estudados. O uso de dados de mundo real proveniente do Registro de Câncer de Base Populacional de Porto Alegre permitiu analisar a sobrevida entre todos os pacientes que têm câncer, em base populacional. Ainda, a utilização do estimador de Pohar Perme permite que estas estimativas sejam comparadas com estimativas de outras regiões do Brasil e ou outros países. |