Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Schubert, Bruna San Martins Sanes |
Orientador(a): |
Monsma, Karl Martin |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/217378
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Resumo: |
Esta dissertação versa sobre o processo de integração social de imigrantes na dimensão do trabalho, onde questionamos se o trabalho realizado sob condições de precarização pode ser vetor de um processo que direcione para uma maior integração social do imigrante haitiano no Brasil, haja vista o espaço laborativo ser considerado fundamental nas trocas sociais e encontro de identidades individuais e coletivas. Complementarmente, também nos interessou perceber de que forma os imigrantes haitianos reivindicam direitos trabalhistas nesse ambiente, como se conformam redes para promover a mobilidade dos grupos em busca de novos locais de trabalho, e se existem comportamentos discriminatórios étnico-raciais nesse contexto. Foi articulado, enquanto base teórica, a ideia de integração social, bem como os aspectos que emergem na dimensão do trabalho. Tendo como cenário os trabalhadores safristas de uma empresa produtora de maçã no Município de Vacaria, no Rio Grande do Sul, ao final do trabalho de campo reunimos 13 questionários respondidos por trabalhadores haitianos, 18 por trabalhadores brasileiros, aproximadamente 300 minutos de entrevistas, além de anotações do diário de campo. A partir da análise dos dados, foi possível perceber que, apesar da atuação consistente do Sindicato Municipal, bem como da preocupação da empresa em atender as normas trabalhistas, o trabalho safrista na maçã mantém características de precarização, como a incerteza na continuidade de contratação, a distância do convívio de familiares e amigos, a percepção negativa dos munícipes de Vacaria, a falta de reconhecimento de habilidades individuais dos trabalhadores, a quase inexistência da possibilidade de ascensão profissional na empresa, a instabilidade pela ideia de não pertencimento, e o trabalho repetitivo sem qualquer desafio intelectual. Enfim, a invisibilidade do trabalhador safrista que se dissolve no enorme contingente que trabalha nas lavouras em período de safra. Nesse sentido, reflete um desafio, não apenas enfrentado pelo imigrante internacional, mas por parte de toda a sociedade brasileira, que não é capaz de garantir a todos os trabalhadores um reconhecimento material e simbólico do trabalho realizado, e a proteção social decorrente da estabilidade de emprego. Quanto aos objetivos complementares, foi possível identificar a postura ativa dos haitianos na vigilância no cumprimento de seus direitos trabalhistas, a conformação de redes que desempenham um trabalho fundamental na divulgação de vagas de trabalho, bem como a existência de tratamento discriminatório étnico-racial, refletindo o racismo estrutural que permeia as relações na sociedade brasileira. Respondendo a pergunta que norteou o trabalho, concluímos que o processo de integração social dos imigrantes haitianos, que pode ser impulsionado a partir das potencialidades vislumbradas na dimensão do trabalho, de fato, não encontra ambiente promissor no desempenho dessa atividade. |