A potência criativa do corpo : cruzos entre a psicanálise e os saberes afrodiaspóricos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Ghenês, Thaís Alves
Orientador(a): Damico, José Geraldo Soares
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/282455
Resumo: Esta pesquisa busca tensionamentos em torno das concepções do corpo dos saberes africanos e afrodiaspóricos e as concepções de corporalidade advindas do campo psicanalítico, considerando os desdobramentos de uma teoria tributária da separação entre natureza e cultura, historicamente construída pelas sociedades modernas. Deste modo, como objetivo geral, questiono como as concepções do corpo dos saberes africanos e afro diaspóricos podem contribuir para pensar a clínica psicanalítica no contexto brasileiro. Partindo-se da posição de uma pesquisadora-cambona, tomo a epistemologia das macumbas e a figura de Exu como um articulador de saberes postos em encruzilhada. Neste aspecto, a pesquisadora cambona se situa ao lado do lugar da analista, que opera numa dinâmica exusíaca, paradoxalmente, a partir de uma espacialidade e temporalidade que admitem o contemporâneo e o ancestral. Assim, propõem-se um giro decolonial que reposicione o corpo situando-o como central para pensar a alteridade e a escuta da diferença. Diante do sufocamento e da criminalização das práticas culturais negras, a reconstrução da experiência da corporeidade, que foi fragmentada na travessia da diáspora, se faz transgressão e resistência frente as formas de vida impostas pelas culturas hegemônicas eurocêntricas e patriarcais. Nesta perspectiva, o corpo e a voz se tornam modos de inscrição de saberes que escapam à colonização, a partir de gingas, gestos e performances que afetam a linguagem no laço social. Sugerindo-se como hipótese, que o corpo negro ao se deslocar com seus saberes encarnados enquanto potência disruptiva, suporta dois continentes de memória. De um lado as epistemes transmitidas por suas oralituras, expressas nos vozeados e nos corpos, e de outro lado, o próprio corpo como veículo de invenção da vida. Assim, na direção de uma clínica de afirmação da negritude à contrapelo de um horizonte de embranquecimento, de saberes ocidentais hegemônicos e cristalizados, abrimo-nos à credibilização do corpo dos saberes africanos e afrodiaspóricos enquanto formas de elaboração de um saber que é deslegitimado na dinâmica social. Neste aspecto, o corpo dos saberes afrodiaspóricos é inseparável das dimensões da política, da poética e da estética que as constituem.