Por que as portas fecham? : do capital às demissões em massa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Bianchini, Carla
Orientador(a): Antunes, Elaine di Diego
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/175193
Resumo: O objetivo dessa dissertação é compreender como se dá a relação do trabalhador com atual contexto de acumulação capitalista em situações extremas como a de demissão iminente. Trata-se de um estudo de caso que tem como objeto uma multinacional do setor automotivo que encerrou suas atividades no Rio Grande do Sul em 2016. Objetivou-se discutir sobre como as relações de trabalho e a organização do trabalho foram historicamente construídas e aperfeiçoadas, de forma a tornar a exploração cada vez menos visível para os trabalhadores. Isso possibilita a exploração e consequentemente perpetua e maximiza a acumulação do capital. A análise das entrevistas, triangulada com notícias vinculadas na mídia, dados fornecidos pela empresa e boletins do sindicato, amparados na teoria sugerem que nesta era de financeirização e desterritorialização, alguns mecanismos facilitam a legitimação da exploração. São eles: o discurso do trabalho, a cooptação da subjetividade dos trabalhadores e a falácia da empregabilidade. À medida que a precarização do trabalho se propaga de formas cada vez mais complexas, potencializam-se também as contradições do capital e o trabalhador é colocado cada vez mais sob tensão. Percebe-se que a organização se apropria da subjetividade dos trabalhadores por meio de diferentes mecanismos de gestão e controle. Isso fragiliza os laços sociais, o que tem consequências nas formas de organização coletiva e mecanismos de resistência dos trabalhadores. Posteriormente, apresenta-se a questão da empregabilidade como uma falácia, em que cada vez mais o trabalhador vê-se responsável pelo seu próprio destino, bem como também pelo destino da empresa. Consequente a isso, percebe-se um sentimento de auto-culpabilização e responsabilização excessiva. Finaliza-se analisando os processos de resistência ao fechamento da fábrica. Verifica-se que o trabalhador já não tem mais amparo do seu sindicato, que se encontra enfraquecido politicamente. Outras formas de resistência coletiva articulada também não foram percebidas. Porém, algumas formas individualizadas de resistência foram encontradas, tais como o absenteísmo, boicote ao trabalho e até pequenas sabotagens. Conclui-se que as atuais formas de acumulação de capital, que se valem da desterritorialização, da financeirização e de mecanismos de legitimação da exploração, tornam a situação do trabalhador cada vez mais frágil. O caso da NX ilustra como a abstração do capital e as formas de controle cada vez mais sutis intensificam a precarização do trabalho e diminuem as possibilidades de resistência frente ao capital. As portas fecham porque no processo de reprodução capitalista a lógica das organizações é contribuir para o acúmulo de capital. A medida que essa lógica não atender mais à ética do capital - o lucro, a estratégia passa a ser o fechamento e a transferência para locais com menores custos.