Criação literária no outono do escravismo : Machado de Assis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Bergamini Junior, Atilio
Orientador(a): Zilberman, Regina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/72739
Resumo: Esta tese discute as condições e práticas a partir das quais Machado de Assis fez as escolhas artísticas que resultaram no conto “Virginius: narrativa de um advogado” (publicado no Jornal das Famílias em 1864) e no romance Memórias póstumas de Brás Cubas (publicado, pela primeira vez, na Revista Brasileira, de março a dezembro de 1880). Objetivou-se: ressaltar a relevância de pesquisar as obras “menores” do autor; resistir a leituras que reconhecem complexidade somente em obras maduras ou esteticamente bem formuladas; apontar os princípios das escolhas do autor e sua ligação com as relações de produção intelectual do período; compreender a posição da estética machadiana nos dilemas do final do escravismo. Para tanto, procedeu-se uma leitura das duas obras, enfatizando os seguintes detalhes: a utilização dos vocábulos “camarada” e “capanga” no conto; a presença do vocábulo “dinheiro” no romance. A essa leitura de pormenores, conjugou-se uma interpretação histórico-filosófica do conteúdo geral das obras. Com isso, chegou-se às hipóteses de que Machado construiu em “Virginius” uma estetização de possíveis trajetórias dos trabalhadores pobres mulatos no findar do escravismo: ou eles passariam por uma inserção numa espécie de utopia escravocrata ou, então, por uma dissolução na barbárie de violência e corrupção escravocrata. Com isso, o escritor também criticou narrativas disponíveis a respeito do assunto. As Memórias, já em outro momento, teriam sido planejadas para propor um novo gênero, entre o jornal e o livro (o estilo do narrador teria sido pensado, entre outras possibilidades, para equacionar esse problema); as personagens deveriam se mover por interesses financeiros; esses interesses inviabilizariam telos positivados, já que não haveria centro de poder com suficiente legitimidade para pôr em circulação uma narrativa mestra (que propusesse a formação da nação, do indivíduo, da família); o enredo seria, então, organizado por decisões tomadas em prol desses interesses diversos e inconciliáveis, que dirigiriam a vida do protagonista. Também aqui, Machado parodiou, com intuito autocrítico, narrativas correntes a respeito da formação da nação e do papel das mulheres na sociedade.