Novas geografias alimentares e assentamentos rurais no Nordeste : movimentos e contramovimentos na construção de espaços de poder

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Josemar Hipólito da
Orientador(a): Schneider, Sergio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/273032
Resumo: Os processos e relações envolvidos na produção, processamento e consumo de alimentos há muito suscitam preocupações entre as sociedades, estudiosos e gestores responsáveis pela formulação e gestão de políticas e estratégias inseridas nos processos e dinâmicas presentes nos sistemas alimentares. Estes problemas estão quase sempre associados à produção e qualidade dos alimentos. Estas promovem a emergência de relações e formas de poder nos espaços de produção de alimentos e nas dinâmicas alimentares e espaciais. Neste contexto, existem cadeias agroalimentares produtoras de alimentos que atendem aos interesses associados aos processos de desenraizamento, desvinculação e desconexão de relações e formas de poder construídas por atores, recursos e instituições nos espaços produtores de alimentos. Assim, mudanças emergem do duplo movimento apresentado por Polanyi, na forma de contramovimentos destinados a combater os impactos promovidos pelos movimentos criados e impulsionados pelo agronegócio. Certamente, movimentos e contramovimentos partilham os mesmos espaços e territórios alimentares. Além de promover o surgimento de práticas agrícolas, de mercados e de consumo alimentar, que exigem uma nova agenda de investigação e estudos agroalimentares apoiados em novas geografias alimentares (NGA). Nesse sentido, esta tese tem como objetivo analisar em que medida os espaços de poder representados pelos assentamentos rurais e pelos mercados de alimentos produzem dinâmicas alimentares capazes de modificar as características dos espaços e a natureza dos lugares por meio da reterritorialização dos alimentos, o que pode ser entendido como NGA no contexto do desenvolvimento rural no Nordeste. Vários casos foram selecionados para serem analisados em três territórios diferentes. O primeiro território é o Centro-Sul onde está localizado o assentamento rural Colônia 13, o segundo território é o Alto Sertão, onde está localizado o P.A. Está localizado Jacaré-Curituba, ambos no estado de Sergipe. O terceiro caso está localizado no território de Tabuleiros Sul em Alagoas, no assentamento Colônia Pindorama. Para atingir os objetivos e responder às questões levantadas, apoiamo-nos em teorias associadas à economia política agrária, à geografia social e agrária, além da utilização das abordagens Power Cube, desenvolvida por John Gaventa e da abordagem Estratégico-Relacional desenvolvida por Bob Jessop. Essas abordagens e aportes teóricos permitiram identificar e analisar os assentamentos rurais e os mercados de alimentos como espaços de poder produtores de formas e relações de poder inseridas nas dinâmicas alimentares e espaciais. A metodologia qualitativa e a pesquisa exploratória e descritiva serviram de apoio para a compreensão dos múltiplos casos. Além disso, foram utilizadas informações e dados primários coletados em saídas de campo, observação participante e sistêmica. Entrevistas semiestruturadas com agricultores familiares assentados e representantes de instituições que atuam em espaços de poder. Para acessar os principais atores e informantes, utilizamos a técnica de pesquisa ‘Bola de Neve’, que se apoiou em dimensões, variáveis e indicadores que orientaram os caminhos teóricos e metodológicos percorridos pela tese e que auxiliaram. Para os resultados desta tese, destacamos a importância das NGA como abordagem utilizada para estudos agroalimentares no Sul global. Mostrando-se aplicável e eficaz para a análise das formas de poder e a formação de espaços de poder nos sistemas alimentares formados em assentamentos rurais. Descobrimos que os movimentos e contramovimentos gerados pela alimentação partilham os mesmos espaços de poder. Os agricultores familiares assentados que geram contramovimentos estão organizados com base em associações e cooperativismo, redes sociais coletivas e processos associados à produção de novidades e inovações. Acesso a Mais e Melhores Mercados para a agricultura familiar, contribuindo diretamente para a obtenção de resultados mais efetivos em seus processos e dinâmicas alimentares e espaciais.