Controle individual e combinado dos fatores de risco para complicações em diabetes e associação com mortalidade : ELSA-Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Chwal, Bruna Cristine
Orientador(a): Duncan, Bruce Bartholow
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/259915
Resumo: Introdução: O diabetes mellitus tipo 2 é um importante problema de saúde global. O controle da glicemia, pressão arterial e tabagismo melhora o prognóstico de indivíduos com diabetes mellitus e reduz a chance de morte. Objetivo: Avaliar o controle individual e combinado dos fatores de risco (glicemia, pressão arterial, colesterol LDL-c e não tabagismo) para complicações em adultos brasileiros com diabetes conhecido na coorte ELSA-Brasil (primeiro artigo) e caracterizar o risco de morte conforme esses fatores (segundo artigo). Métodos: Foram realizados analises transversais (primeiro artigo) e longitudinais (segundo artigo) de dados de participantes do Estudo Longitudinal Brasileiro de Saúde do Adulto, composto por aqueles que relataram diagnóstico prévio de diabetes ou uso de medicação antidiabética. No primeiro artigo, baseado nos dados da onda 3 (visita de 2017 a 2019), consideramos hemoglobina glicada (HbA1c) <7% como controle glicêmico (alvo A); pressão arterial <140/90 mmHg (ou <130/80 mmHg em alto risco cardiovascular) como controle da pressão arterial (alvo B) e LDL-c <100 mg/dl (ou <70 mg/dl em alto risco) como controle de LDL-c (alvo C), de acordo com as diretrizes da American Diabetes Association (ADA) de 2022. Realizamos modelos de regressão de Poisson com variância robusta para ajustar associações para fatores sociodemográficos e clínicos. No segundo artigo, acompanhamos os participantes do Estudo Longitudinal Brasileiro de Saúde do Adulto com diabetes autorreferido, apurado por diagnóstico médico autorreferido ou uso de medicamentos, no período de 2008 a 2019. Definimos o controle de glicose, pressão arterial e colesterol (LDL-c) de acordo com as diretrizes da ADA de 2022. Nossa vigilância telefônica anual identificou óbitos que foram confirmados por registros hospitalares e atestados de óbito. Em seguida, aplicamos modelos de riscos proporcionais de mortalidade de Cox para ajustar associações com controle para idade, sexo e outras covariáveis relevantes. Resultados: No primeiro artigo, dos 2.062 participantes com diabetes conhecido, 1.000 (48,5%) eram homens, 1.217 (59,0%) tinham idade entre 45 e 64 anos, 961 (46,6%) eram autodeclarados brancos e 1.068 (51,8%) tinham ensino superior completo. Além disso, 1.380 (66,9%) relataram possuir plano de saúde privado. HbA1c foi igual ou abaixo do alvo em 1.364 (66,1%), pressão arterial em 1.596 (77,4%) e LDL-c em 1.086 (52,7%). No entanto, apenas 590 (28,6%) participantes estavam dentro ou abaixo da meta para todos os ABCs. As mulheres (RP=1,05; IC95% 1,00-1,11) e com plano de saúde privado (RP=1,15; IC95% 1,07-1,23) ou maior renda per capita (RP=1,19; IC95% 1,06-1,34) foram mais propensos a atingir duas ou mais metas ABC em análises ajustadas. No segundo artigo, dos 2.492 indivíduos com diabetes conhecido, 272 morreram. Em análises ajustadas por modelos de riscos proporcionais, o nível de HbA1c dentro do alvo conferiu maior proteção (HR=0.62; 95% IC 0.47-0,81) contra todas as causas de mortalidade, seguido por pressão arterial sistólica dentro do alvo (HR=0.77; 95% IC 0.59 -0.99). O LDL-c dentro do alvo, no entanto, não (HR=1.38; 95% IC 1.03-1.84). Alcançar duas ou mais metas do ABC reduziu o risco de mortalidade em 43% (HR = 0.57 a 0.63; 95% IC 0.38-0.99). Não fumar também reduziu este risco (HR=0.60; 95% CI 0.43-0.83). Conclusão: Há muito espaço para melhorias no controle desses fatores prognósticos modificáveis. Fatores sociais desempenham um papel importante na determinação do controle ABC do diabetes. Em termos de mortalidade, o controle inadequado da glicose foi o mais forte preditor de morte, e o controle de glicose e pressão arterial sistolica reduziu as mortes por diabetes, entretando o LDL-c não. Não fumar também foi fator de notável importância. O maior risco associado à manutenção do LDL-c dentro da meta merece uma investigação mais aprofundada.