“No ritmo que a gente está hoje, não é mais desafiante, nem motivador, assim é uma tortura” : trabalhar, ensinar e resistir : um estudo psicodinâmico com o coletivo de professores de uma instituição de ensino superior privada

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Ávila, Vinicius Porto de
• Orientador(a): Oltramari, Andréa Poleto
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Educação superior; Qualidade de vida no trabalho; Sofrimento no trabalho; Docentes; Psicodinâmica do trabalho
• Palavras-chave em Inglês: Teaching work; Private higher education; Psychodynamics of work; Clinical work; Pleasure and suffering at work; Administration
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/233387

Esta tese busca analisar as transformações no trabalho dos professores que desenvolvem suas atividades em instituições de ensino superior privadas. Os objeivos específicos abordam a organização do trabalho e a dinâmica das relações de trabalho dos professores; os impactos da educação mercantilista na vida laboral dos docentes e; as principais fontes de prazer e sofrimento no trabalho e as estratégias defensivas utilizadas pelos professores para suplantar o sofrimento e permanecer trabalhando. O aporte teórico e metodológico foi da Psicodinâmica do Trabalho. O método proposto por Dejours foi adaptado às especificidades da demanda dos professores de uma instituição de ensino superior privado do estado do Rio Grande do Sul, onde foram realizadas 10 sessões de clínica do trabalho. Além disso, dados foram coletados a partir da observação participante. A partir da análise das transcricões das sessões, do conteúdo do diário de campo e dos memoriais descritivos, os achados foram examinados seguindo os preceitos e pressupotos da abordagem psicodinâmica. Perecebeu-se que os professores enfrentam uma grande sobrecarga de trabalho, realizando suas atividades sob ritmo acelerado, acumulando responsabilidades e sem o devido suporte organizacional. Foram investigados os impactos que a educação mercantilista traz para o trabalho dos professores e abordados aspectos laborais específicos, como o trabalho na educação a distância e a atuação como coordenador de curso. Entre os temas abordados nesta tese, também destacam-se as relações de trabalho e o desamparo do trabalhador e o trabalho imaterial. Em relação as situações em que os professores vivenciam prazer, foram destacadas a prática da autonomia e a relação com os/as colegas. No que diz respeito as vivências de sofrimento, emergiram as seguintes: falta de reconhecimento dos gestores; precarização do trabalho (sobrecarga de trabalho); sensação de dívida; mudanças constantes e dilemas pessoais no trabalho. Constatou-se a utilização de três estratégias individuais – o isolamento, a negação e o cinismo; e uma estratégia coletiva – o espaço público de discussão, empregadas pelos professores para suplantar as situções de sofrimento e permanencer trabalhando em situação de “normalidade”. Este estudo levanta a discussão sobre as transformações no trabalho do professor universitário, com o intuito de levar o sofrimento desses profissionais para outras esferas, visando tornar este problema público e, assim, possibilitar a construção de políticas que deem atenção à saúde dos professores do ensino superior.