O corpo que fal(h)a, nas tramas do discurso : anoréxica e o(s) outro(s) no espetáculo da rede

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Bressan, Mariele Zawierucka
Orientador(a): Ferreira, Maria Cristina Leandro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/157920
Resumo: O corpo não é feito de, apenas, carne e osso. Por muito tempo condenado ao exílio, o corpo retorna à cena, não mais sob o enfoque estritamente biológico, sendo, pois, considerado como materialidade significante e discursiva. Tecido pela linguagem, o corpo passa a ser lido como texto, sujeito à interpretação. Com base nisso, nesta tese, (a)bordamos o corpo a partir de nossa inscrição no aporte teórico forjado por Pêcheux, a Análise do Discurso, e sua (im)possível relação com a Psicanálise freudo-lacaniana e com a Filosofia Trágica proposta por Nietzsche. Lançamos nosso olhar sobre o corpo doente das anoréxicas que, inscritas em blogs do gênero Pró-Ana, nos permitem visualizar o entrelaçamento entre corpo, sintoma e cultura. Ou melhor, o corpo que, ocupando lugar numa determinada sociedade – capitalista, em rede e do espetáculo – se mostra e é mostrado pela falha, pela falta, pelo equívoco, que acabam se desdobrando em resistência. Tendo como arquivo recortes discursivos oriundos do espaço virtual, tomamos o corpo como materialidade do sujeito e analisamos os processos de interpelação e de identificação pela ideologia, pelo inconsciente e também pela cultura. Mais do que descrever tais processos, buscamos interpretá-los, de modo a expor ao leitor a opacidade de enunciados que materializam formas de o sujeito ocupar lugar no tempo e no espaço a partir de sua inscrição em distintas formações discursivas, que (re)velam diferentes maneiras de conformação da subjetividade. De “Ana a santa” a “porca louca” ou “borboleta”, a anoréxica, na atualidade, faz ver a relação paradoxal e, portanto, contraditória que se estabelece quando de sua tomada de posição no que chamamos de não-lugar ou lugar de entremeio. Tendo presente o corpo que fal(t)a e (trans)borda, a partir dos desdobramentos entre o estatuto da discursividade e os registros imaginário, simbólico e real, propomos que o corpo seja compreendido como escritura, ou seja, como lugar de memória, como lugar de inscrição, lugar a partir do qual o sujeito resiste às formas de dominação, mesmo que por meio de um corpo feito de, apenas, “couro e osso”.