Genealogias dissidentes : os estudos de gênero nas teses e dissertações em Comunicação do Brasil (1972-2015)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Tomazetti, Tainan Pauli
Orientador(a): Rosário, Nísia Martins do
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/193542
Resumo: Essa pesquisa tem como objetivo investigar a incorporação, as apropriações e o tensionamento dos estudos de gênero nas investigações de mestrado e doutorado em comunicação do Brasil defendidas no período de 1972 a 2015. Essa reflexão é realizada a partir de um olhar genealógico sobre os trabalhos mapeados. Trata-se, assim, de refletir sobre uma condição histórica de construção do pensamento e de ação social relativa a gênero e sexualidade em nosso campo. Ao todo, no período analisado, foram produzidas 13.265 investigações de mestrado e doutorado em comunicação. Desse número total, 316 pesquisas realizam algum tipo de interface com os estudos de gênero. Essas investigações estão distribuídas em 28 dos 44 Programas de Pós-Graduação que possuíram defesas nesses 43 anos. O exercício analítico da tese contou com dois momentos. No primeiro, busca-se refletir os aspectos gerais e estruturais que configuram um mapa de dados quantitativos das pesquisas em comunicação e gênero no período estudado, essa etapa teve como objetivo pensar a incorporação dessas pesquisas no campo. A partir da análise quantitativa, observou-se e problematizou-se algumas linhas de força teóricas a partir das quais os estudos de gênero são apropriados. Essas linhas de força conformaram o exercício genealógico dessa tese que se articulou para compreender as apropriações e o tensionamento desses estudos em duas vertentes teóricas principais: os estudos feministas e os estudos queer. A primeira busca realizar reflexões sobre as condições assimétricas de representação, objetificação, violência e emancipação das mulheres e do universo feminino nos meios ou processos de comunicação, representada por 240 investigações. Na segunda vertente estão as pesquisas de viés LGBT e/ou queer, que buscam compreender as relações entre a comunicação e a produção das diferenças de gênero e sexualidade centrados em processos de generificação. Essas investigações correspondem a um total de 62 trabalhos e revelam as potencialidades do gênero para além do binarismo homem/mulher, recorrendo a ideia de embaraçamento entre essas categorias. A partir das genealogias, observou-se, de acordo com as tendências dos períodos estudados – desde a incorporação das teorias e conceitos feministas e de gênero entre os anos 1980-90; a produção de pesquisas sobre homossexualidades somente a partir da década de 1990; o refluxo político das pesquisas feministas no início do séc. XXI, contrariamente à constituição das primeiras pesquisas de viés queer nesse mesmo período, e, por fim; o reflorescer e a revitalização de ambas as perspectivas a partir do ano de 2010 – que o que fomenta as escolhas teóricas e metodológicas das pesquisas em comunicação e gênero é a sua tendência ao empírico. Nesse sentido, como campo científico, ainda tratamos os problemas de gênero como temas subscritos em nossos objetos empíricos e não como problemáticas epistemológicas, com teorias, conceitos e métodos, daí a nossa fraca contribuição e tensionamento, sem contar as dimensões institucionais que reiteram a subalternização desse tipo de pesquisa. Por essa razão, a construção teórica dos estudos de gênero ainda é incipiente no campo da comunicação exigindo o deslocamento e dedicação desses mestres e doutores. Assim, se comparado com o montante de teses e dissertações desenvolvidas no período, é perceptível o pouco empreendimento em estudos científicos que envolvam comunicação e gênero em um sentido conjuntural, fato que indica a necessidade de investir em novas problematizações.