Injúria inalatória por exposição a incêndio : seguimento funcional respiratório e efeitos de longo prazo sobre a capacidade de exercício e qualidade de vida em uma amostra das vítimas da tragédia da Boate Kiss

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Guerra, Vinicius André
Orientador(a): Knorst, Marli Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/211244
Resumo: Introdução: A exposição a incêndio pode levar a óbito e causar injúria inalatória nos sobreviventes. Os sobreviventes podem apresentar complicações relacionadas à queimadura de vias aéreas e estas complicações podem ser precoces ou tardias. Objetivos: Identificar o impacto da gravidade da injúria inalatória provocada por exposição a incêndio nas complicações de curto prazo e na evolução funcional pulmonar, capacidade de exercício e bem estar dos indivíduos em longo prazo. Métodos: Dois estudos foram realizados: Um estudo de coorte com 18 pacientes vítimas de queimaduras e injúria inalatória confirmada por fibrobroncoscopia, a qual foi estratificada como leve/moderada ou grave. Foram identificadas as complicações precoces e realizado seguimento funcional pulmonar por até 40 meses. Um segundo estudo transversal com 15 indivíduos expostos a incêndio (38,2 ± 2,6 meses após o evento) e 15 controles foi realizado para estudar capacidade de exercício, qualidade de vida e saúde mental dos expostos. Para estudo dos dados foi utilizado o modelo de equações de estimações generalizadas, testes t de Student, Mann-Whitney ou qui-quadrado. O nível de significância estatística adotado foi 0,05. Resultados: Os indivíduos com injúria inalatória grave tinham, em comparação com os que apresentavam injúria inalatória leve a moderada, maior superfície corporal queimada, maior tempo em ventilação mecânica, maior taxa de síndrome do desconforto respiratório agudo e de pneumonia associada à ventilação mecânica e permaneceram mais tempo hospitalizados (p<0,05). Houve normalização das variáveis espirométricas, que foi mais precoce no grupo com injúria inalatória leve/moderada. As principais sequelas funcionais pulmonares em longo prazo, as quais não se relacionaram com a gravidade da injúria inalatória inicial, foram o aumento do volume residual (83,3% dos casos) e a redução da capacidade de difusão pulmonar (55,6% dos casos). A capacidade de exercício foi comparável entre os grupos, exceto por uma maior relação VE/VCO2 no grupo exposto. Sintomas depressivos, tendência à ansiedade e pior qualidade de vida foi observada no grupo exposto. Cerca de um quinto dos expostos ao incêndio apresentaram screening positivo para estresse pós-traumático. Conclusões: Complicações respiratórias precoces foram mais frequentes nos indivíduos com injúria inalatória grave. As sequelas funcionais pulmonares de longo prazo foram o alçaponamento aéreo e a redução da capacidade de difusão que não se associaram com o grau de injúria inalatória inicial. A capacidade de exercício estava preservada em longo prazo, mas foi observado achado sugestivo de ineficiência ventilatória. Sintomas depressivos, tendência à ansiedade, pior qualidade de vida foram mais frequentes no grupo exposto e cerca de um quinto dos expostos apresentou achados compatíveis com estresse pós-traumático.