Sintomas respiratórios e função pulmonar em indivíduos expostos ao incêndio na Boate Kiss : um estudo longitudinal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Mann, Keli Cristina
Orientador(a): Knorst, Marli Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/265228
Resumo: Introdução: A exposição a um incêndio como ocorreu na Boate Kiss, no sul do Brasil, pode causar injúria inalatória com sintomas respiratórios e alterações na função pulmonar. Os efeitos deste tipo de exposição em curto e longo prazo foram apenas parcialmente estudados. Objetivos: Avaliar sintomas respiratórios e alterações de função pulmonar em curto e longo prazo (4 anos) em expostos a incêndio de uma casa noturna. Material e Métodos: Foram realizadas avaliações periódicas dos expostos ao incêndio com consulta médica, espirometria e Oscilometria de impulso. As avaliações iniciaram um mês após o incêndio, foram semestrais no primeiro ano e anuais por até 4 anos. Na espirometria foram identificados os distúrbios ventilatórios, a resposta ao broncodilatador, assim como a presença de qualquer anormalidade. Aumento de resistência (R5, diferença R5_R20), frequência de ressonância e testes anormais foram identificados na oscilometria de impulso. Os resultados foram avaliados usando Generalized Estimating Equations (GEE) e um valor de p<0,05 foi considerado significativo. Resultados: Foram incluídos 317 indivíduos, 194 vítimas do incêndio (a maioria estudantes, 50,4% mulheres, 24 ± 7 anos) e 123 socorristas (86,2% homens, 36 ± 10 anos). Metade das vítimas necessitou de internação, sendo 27,8% em unidade de terapia intensiva (UTI). O sintoma inicial mais frequente foi tosse (n=183; 58,3%), que persistiu em 32 casos no quarto ano de seguimento. Dispneia, dor de garganta e escarro com fuligem foram mais frequentes entre as vítimas e reduziram ao longo do tempo. Os valores da espirometria diferiram entre vítimas e socorristas e ao longo do tempo. Na primeira e na última avaliação foram identificados 17 e 13 espirometrias com padrão obstrutivo e 40 e 18 exames com resultados anormais, respectivamente. Na avaliação inicial, alterações foram mais frequentemente observadas na oscilometria de impulso do que na espirometria (82,8% vs 13,7%). Aumento de R5_R20 foi identificado em 179 casos (77,2%) no exame inicial e persistiu em 61 casos na última avaliação. Conclusões: Nossos resultados demostram uma alta prevalência de sintomas como tosse e dispneia logo após o evento, e persistência dos mesmos em cerca de um quinto dos casos em quatro anos de seguimento. Do mesmo modo, a injúria inalatória causou prejuízos precoces e tardios na função pulmonar, com alterações observadas mais frequentemente na oscilometria de impulso do que na espirometria e cujo padrão sugeriu comprometimento de pequenas vias aéreas.