Ecologia trófica e composição da ictiofauna em riachos da sub-bacia do Rio Ijuí, RS, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Cavalheiro, Laísa Wociechoski
Orientador(a): Fialho, Clarice Bernhardt
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/212072
Resumo: A sub-bacia do rio Ijuí, está inserida na área de drenagem do rio Uruguai que compõe uma das principais bacias hidrográficas da América do Sul e possui grande diversidade de peixes, distribuídos em vários habitats dulcícolas, incluindo os riachos. Estes ambientes, ricos em micro-hábitats são de grande importância para a manutenção dos ecossistemas e abrigam espécies de pequeno porte, muitas vezes endêmicas. Conhecer a ictiofauna de riachos da sub-bacia hidrográfica do rio Ijuí, entendendo algumas relações tróficas que ocorrem entre as espécies, consiste no objetivo geral desta tese, que está dividida em quatro capítulos, dos quais são objetivos específicos: 1) avaliar a composição da comunidade e o padrão de distribuição das espécies, testando a hipótese de que a complexidade da comunidade de peixes aumenta da montante em direção à jusante da sub-bacia hidrográfica do rio Ijuí; 2) investigar os hábitos alimentares de Astyanax paris, testando a hipótese de que esta espécie modifica suas presas conforme os estágios de seu ciclo de vida (ontogenia); 3) investigar o uso de recursos e a partição de nicho entre espécies de peixes pertencentes às mesmas e diferentes guildas tróficas e às mesmas e diferentes famílias, testando a hipótese de que dentro de uma guilda trófica ou família as espécies de peixes co-ocorrentes apresentam partição de nicho trófico e as sobreposições de nicho são menores entre espécies de diferentes famílias devido ao conservadorismo filogenético do nicho; 4) investigar diferenças nos hábitos alimentares de 15 espécies de Characidae, de cinco gêneros (Astyanax, Bryconamericus, Diapoma, Hyphessobrycon e Piabarchus) e identificar associações entre a ecologia alimentar dessas espécies e suas características ecomorfológicas, incluindo caracteres do aparato oral, testando a hipótese de que essas espécies diferem no uso dos recursos alimentares e a seleção de itens pref 4) investigar diferenças nos hábitos alimentares de 15 espécies de Characidae, de cinco gêneros (Astyanax, Bryconamericus, Diapoma, Hyphessobrycon e Piabarchus) e identificar associações entre a ecologia alimentar dessas espécies e suas características ecomorfológicas, incluindo caracteres do aparato oral, testando a hipótese de que essas espécies diferem no uso dos recursos alimentares e a seleção de itens preferenciais na dieta está relacionada às suas características ecomorfológicas ou caracteres do aparato oral. Para isso, seis riachos da sub-bacia do rio Ijuí foram amostrados ao longo de um ano, com a técnica da pesca elétrica; As relações tróficas foram estudadas através de duas análises complementares: investigação do conteúdo estomacal dos peixes capturados, identificando-se morfologicamente as presas e análises de isótopos estáveis de δ13C e δ15N do tecido muscular dos peixes. Assim, conclui-se que: dos 5029 indivíduos coletados, foram identificadas 55 espécies, 13 famílias e cinco ordens de peixes, com maior riqueza nas áreas à jusante da sub-bacia do rio Ijuí; a espécie Astyanax paris comportou-se como um insetívoro nos riachos estudados e alterou gradualmente sua dieta de insetos aquáticos para terrestres, conforme seu desenvolvimento ontogenético; nos estômagos dos peixes onívoros e 2 invertívoros analisados foram encontrados 18 itens alimentares de origem aquática e 15 de origem terrestre; nas análises de conteúdo estomacal a sobreposição de nicho entre as espécies co-ocorrentes foi baixa na maioria das unidades amostrais e somente durante o verão a sobreposição de nicho foi intermediária; a análise de isótopos estáveis revelou que na maioria das comparações pareadas a porcentagem de sobreposição do espaço isotópico, em relação aos isótopos estáveis de carbono e nitrogênio, foi baixa nos três ambientes amostrados. As espécies de Characidae estudadas apresentaram diferenças entre si em relação aos índices ecomorfológicos; os índices ecomorfológicos associados às habilidades de natação, habitat e captura de alimentos foram os principais responsáveis pelas distâncias ecomorfológicas entre as espécies; os itens alimentares ingeridos pelas espécies de Characidae estavam relacionados às características ecomorfológicas e ao aparato oral destes peixes, principalmente quanto à natação, tamanho da boca e número de dentes; as maiores distâncias alimentares no espaço bidimensional foram identificadas entre espécies de diferentes gêneros.