Noma na África subsaariana: doença pouco conhecida, negligenciada e seu enfrentamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Ié, Mirinda Fernando Cana
Orientador(a): Matos, Izabella Barison
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/278627
Resumo: Introdução: Noma é uma doença necrosante, não transmissível, debilitante, capaz de destruir tecidos moles e duros da face, iniciando como uma ferida na boca, evoluindo para perda dentária e gengival, dificuldade de comer e falar, e em casos graves, pode levar à desfiguração facial e a morte; afeta, principalmente, crianças de países da África Subsaariana. A sua etiologia é infecciosa, porém, ainda se desconhece o microrganismo responsável pela doença; sabe-se que resulta da combinação de diferentes fatores: desnutrição grave, água potável insegura, saneamento precário, má higiene bucal e acesso limitado a cuidados de saúde de alta qualidade. A literatura identifica iniciativas de diferentes instituições/organizações no enfrentamento ao Noma; no entanto, também aponta dificuldades de várias ordens que impedem ou retardam ações em curso. Objetivo: Conhecer a doença Noma e o seu enfrentamento em países da África Subsaariana. Metodologia: Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, de abordagem qualitativa, cujos instrumentos de produção de dados foram documentos e bibliografia, analisados na perspectiva da hermenêutica-dialética. Resultados e discussão: Trata-se de uma doença associada à condição de pobreza e à ausência de cuidados específicos de saúde, com rápida manifestação, progressão acelerada e alta taxa de mortalidade, se não houver diagnóstico precoce e tratamento adequado e urgente. Dentre os países da África Subsaariana, 11 apresentam maior incidência de Noma: Benin, Burkina Faso, Costa do Marfim, Etiópia, Guiné- Bissau, Mali, Níger, Nigéria, República Democrática do Congo, Senegal e Togo. Em comum, eles compartilham semelhanças socioeconômicas, nutricionais e omissão do Estado. A Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2013, mantém programa específico de enfrentamento ao Noma, com a colaboração de Ministérios da Saúde de alguns países e 6 organizações/instituições: Hilfsaktion Noma; Médicos Sem Fronteiras; SongEs; Winds of Hope Foundation e Internacional NoNoma Federation e Fondation Sentinelles e Physionoma; que apresentam ações de prevenção, tratamento e reabilitação. Dentre as dificuldades foram citadas: desconhecimento da doença por parte de profissionais de saúde dos países; quantidade reduzida de profissionais em saúde bucal; capacitações insuficientes para o diagnóstico do Noma; acesso reduzido aos serviços de saúde específicos; ausência de sistemas de vigilância epidemiológica; deficiência de atuação colaborativa intersetorial entre as instituições/organizações envolvidas e traços culturais (estigma social e associação da doença à maldição). Considerações finais e aplicabilidade: Diante de tal contexto - de iniciativas e de dificuldades apontadas - o enfrentamento efetivo, eficaz e eficiente da doença Noma parece ainda um objetivo muito distante de ser alcançado. Além da necessidade de uma cooperação mais comprometida e sintonizada entre governos dos países afetados pelo Noma, a OMS e organismos comprometidos com o combate à doença; a identificação de componente cultural se revela forte barreira para seu enfrentamento. Por isso, há que ser mais considerado nas ações de prevenção e terapêutica. Em relação à aplicabilidade do estudo, destaca-se a contribuição da Saúde Coletiva em evidenciar, neste estudo, o Noma como doença pouco conhecida, negligenciada, estigmatizada e “maldita”.