As relações interpessoais dos usuários de crack e fatores de risco associados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Pachado, Mayra Pacheco
Orientador(a): Almeida, Rosa Maria Martins de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/157484
Resumo: O crack é a substância ilícita que mais leva à busca por tratamento para uso de substâncias no Sistema Único de Saúde (SUS). Os usuários frequentemente relatam dificuldades nos seus relacionamentos interpessoais, no entanto ter relacionamentos saudáveis é crucial para o processo de recuperação. As evidências até agora demonstram que além do uso de substâncias psicoativas, outros fatores da vida do sujeito, como características sociodemográficas, dificuldades emocionais, comportamentais e sociais podem se tornar barreiras para o resgate e cultivo de relacionamentos saudáveis. Sendo assim, a presente dissertação teve por objetivo investigar a associação entre severidade dos problemas no funcionamento interpessoal dos usuários de crack e fatores de risco associados, tais como características sociodemográficas, fatores relacionados ao uso de substâncias do paciente, de seus parceiros, familiares e amigos e comorbidades psiquiátricas. Este foi um estudo transversal multicêntrico, com a participação de homens e mulheres (N=407), em tratamento para problemas por uso de crack, na rede de saúde pública de seis capitais brasileiras. A magnitude de associação entre o desfecho (T-score: problemas na área Família/Social) e os fatores em estudo (características sociodemográficas, comorbidades psiquiátricas, exposição a eventos estressores na vida, uso recente de substâncias psicoativas, dados sobre o consumo de substâncias pelos usuários, seu parceiro, familiares adultos e amigos e envolvimento com atividades ilícitas) foi avaliada através da razão de prevalência (RP), estimada pela regressão de Poisson com variância robusta. Ter diagnóstico de abuso de álcool, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno da personalidade antissocial, episódio depressivo atual e o número de dias consumindo crack no último mês estava significativamente associado com maior severidade nos problemas na área Família/Social. Os achados deste estudo demonstram uma relação entre maior frequência de uso de crack e co-morbidades psiquiátricas com ter mais problemas nos relacionamentos com parceiros, familiares e amigos. Sendo a reinserção social, uma conquista fundamental para a recuperação, nossos achados apontam que, além do uso de crack em si, outros elementos podem representar barreiras para o bom funcionamento social destas pessoas. Estes resultados advogam em favor do desenvolvimento de intervenções psicossociais que foquem na melhora do funcionamento interpessoal de usuários de crack e a inclusão de familiares e amigos nas abordagens terapêuticas. Além disso, sugere-se o oferecimento de tratamento concomitante para as comorbidades psiquiátricas.