Estudo sobre características clínicas e biomarcadores em adolescentes internados por uso de crack

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Pianca, Thiago Gatti
Orientador(a): Rohde, Luis Augusto Paim
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/139754
Resumo: A presente tese aborda o tema da dependência de crack na adolescência, assunto de grande relevância clínica devido à gravidade dos pacientes e à dificuldade em realizar tratamentos eficazes. Ambos os estudos apresentados foram feitos a partir de uma amostra de 90 adolescentes, de 12 a 18 anos incompletos, internados por problemas relacionados ao uso de crack em duas enfermarias na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. A amostra consecutiva foi coletada de Maio de 2011 a Novembro de 2012. Também foi coletada uma amostra controle de 81 adolescentes sem uso de drogas, provenientes de um bairro de baixa-renda na região metropolitana de Porto Alegre. Como resultados do primeiro estudo, observou-se que os adolescentes internados por uso de crack apresentaram idade média de 15,6 anos (DP=1,4), e a maioria (85,5%) era do sexo masculino. Todos os pacientes haviam utilizado alguma outra substância psicoativa antes de iniciar o uso de crack: 61,4% tabaco (idade média do primeiro uso 11,6 anos), 44,3% álcool (idade média do primeiro uso 12,4 anos), e 54,5% maconha (idade média do primeiro uso 12,15 anos). A idade média de início do crack foi aos 13,4 anos. Apresentaram alta taxa de comorbidades psiquiátricas, com 81,8% dos pacientes com o diagnóstico de Transtorno de Conduta, 52,3% com Transtorno Opositor Desafiante e 44,3% apresentando Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (todas essas com p<0,001 em relação aos controles). Evidenciamos consequências graves do uso de drogas em todas as áreas da vida (como altos escores de comprometimento nas áreas de uso de substâncias, escola, família e psiquiátrica do questionário Teen Addiction Severity Index – T-ASI). O tempo médio decorrido entre o início de uso de drogas e o início de uso de crack foi de 2,53 anos (DP=1,96). Através do modelos de regressão de Cox, encontramos os seguintes preditores de progressão precoce ao uso de crack: idade de início de uso de qualquer substância e idade no momento da internação. Dando continuidade ao tema desta tese, o segundo artigo abordou os níveis de quatro potenciais biomarcadores para o uso de crack na adolescência. São eles: o Fator de crescimento derivado do cérebro (BDNF), as interleucinas 6 e 10 (IL-6 e IL-10), e as substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS). Foram medidos, na mesma amostra de pacientes do primeiro estudo, em dois momentos: no dia seguinte à internação e no momento da alta. Também foram medidos em controles. As análises foram controladas para possíveis confundidores. Encontrou-se níveis significativamente mais baixos de BDNF entre os pacientes (16,61; DP=2,06), em relação aos controles (25,12; DP=175) (p<.001). Os níveis de TBARS estavam significativamente elevados entre os pacientes (25,07; DP=21,83), em relação aos controles (16,46; DP=23,25) (p=0,005). Os níveis de IL-6 estavam significativamente elevados entre os pacientes (577,34; DP=156,11) em relação aos controles (151,91; DP=64,7) (p=0,027). Os níveis de IL-10 estavam significativamente elevados entre os pacientes (383,86; DP= 97,24), em relação aos controles(109,89; DP=40,89) (p=0,025). Concluiu-se que adolescentes internados por uso de crack apresentam problemas em diversas áreas da vida, altas taxas de comorbidade e alterações em biomarcadores específicos relacionados com inflamação e estresse oxidativo. Sugere-se que esta população necessita cuidados especiais para evitar comprometimentos maiores.