Estresse precoce de ninho empobrecido : avaliação do comportamento alimentar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Souza, Jackeline Martins Eberhardt de
Orientador(a): Leal, Mirna Bainy
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
LBN
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/268052
Resumo: O estresse precoce (EP) no período neonatal (PN) modula vias encefálicas envolvidas na geração de respostas hedônicas. Deste modo, o consumo de alimentos palatáveis ao longo da vida pode ser alterado pelo EP, e isto é demonstrado em modelos animais em ratos, com intervenções neste período, como a manipulação neonatal, e a separação materna. Um modelo animal que vem ganhando destaque neste aspecto é a restrição da maravalha do ninho, do inglês "Limited bedding and nesting” (LBN). O protocolo de LBN é realizado nos primeiros dias de vida da ninhada de ratos, do dia 2 ao 9 pós-nascimento (PND), com a produção de um ninho empobrecido pela mãe, com apenas uma toalha de papel fornecida pelo experimentador, na caixa de moradia. A ninhada torna-se estressada junto da genitora, com consequências a longo prazo no comportamento de brincar, bem como frente a drogas de abuso, demonstrando anedonia. Uma das causas destes efeitos nos filhotes se deve por modificações no cuidado materno, que torna-se fragmentado e caótico levado pela falta de subsídio na construção do ninho. Junto disso, o modelo de LBN tem sido descrito com potencial translacional, semelhante a mães deprimidas ou que abusem de substâncias psicoativas. Desta maneira, o objetivo do presente estudo foi avaliar em ratos adultos (machos e fêmeas) submetidos ao protocolo LBN e controles, o comportamento frente a alimentos palatáveis. Com isso, os animais (machos: controles, N=13, LBN=16; fêmeas: controles,N=15, LBN=12) foram submetidos ao protocolo de LBN, do PND 2 a 9. Após isso, a caixa moradia retomou as condições normais com a presença de maravalha, e, no PND 21 de vida os animais foram desmamados e se a sexagem ocorreu. No PND 60 de vida os animais permaneceram sem nenhuma outra alteração em ambiente de biotério quando foram randomizados. Aos 70 dias de vida, iniciou-se a tarefa do corredor, que avalia o tempo para a busca e consumo em gramas de alimento palatável, a partir dos treinos, e, após 5 dias o teste foi realizado, para avaliação do comportamento alimentar a cereais doces (Froot Loop’s Kellog’s Ⓡ). Aos 90 dias, os animais foram submetidos a um estresse agudo com choque nas patas e posteriormente foi executada a avaliação do consumo e preferência alimentar em caixa moradia, para verificação se um segundo desafio estressor agudo, pode modificar a ingestão de alimento doce. Foi verificado se um desafio agudo pode alterar o padrão de consumo dos animais. Ao final dos experimentos, aos 100 dias de vida os animais eutanasiados. Os resultados demonstraram que no teste do corredor houve uma diferença entre os sexos nos grupos controles, onde as fêmeas chegaram mais rápido ao alimento doce, entretanto os animais de ambos os sexos, submetidos ao protocolo LBN, levaram mais tempo para iniciar a comer o alimento doce quando comparados ao controle. Quando avaliou-se o consumo de alimentos após o estresse agudo por choque nas patas, observou-se que os animais machos submetidos ao protocolo LBN ingerem maior quantidade de alimento em relação ao controle, tanto imediatamente após quanto 24 horas após o choque. E as fêmeas consomem maior quantidade de cereal doce em relação aos machos tanto antes quanto depois do choque independente de grupo. Entretanto, a medida do consumo de ração padrão ao longo das treze semanas demonstrou que as fêmeas ingerem proporções inferiores em relação aos machos. Houve também um menor consumo de ração padrão pelos animais LBN em comparação aos seus controles. Observou-se que o comportamento alimentar possui alterações relacionadas a motivação dos animais para comer o alimento doce. Estes comportamentos podem estar relacionados com as vias neuroquímicas de regiões como núcleo accumbens e córtex pré-frontal. Sugere-se a 6 necessidade da realização de mais experimentos testando comportamentos específicos, bem como as vias neuroquímicas envolvidas.