Ensaios sobre o morrer : como escrever sobre algo que não se fala?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Isoppo, Rodrigo Schames
Orientador(a): Tittoni, Jaqueline
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/172194
Resumo: Esta dissertação de mestrado põe em questão o morrer, verbo tão elástico que confunde-se com a própria vida. Partindo do pressuposto que o morrer é um processo que cabe aos vivos e, por isso, é atravessado pelas relações do sujeito com a verdade, o seguinte trabalho pretende analisar, a partir do instante presente, como a sociedade moderna ocidental se organizou para dar conta dos infinitos mistérios que a morte desperta nos indivíduos em paralelo com o projeto de governo do Estado de gestão e controle da população, a partir das práticas biopolíticas e da legitimidade do saber médico que prescreve o que é uma vida, quais são os valores que a determinam e sob que códigos e condutas os seres devem se submeter para serem considerados existentes. Aliado ao filósofo Michel Foucault e Giorgio Agamben, propõe-se um percurso sinuoso da emergência do racismo biológico e do racismo de Estado para refletir sobre os grandes genocídios do século XX, sob a perspectiva de uma Tanatopolítica. Através do recurso do ensaio, este trabalho provocará a pergunta: como escrever sobre algo que não se fala O ensaio, mais do que um método, é um artesania capaz de costurar o tempo e a história em busca do passado de nossas verdades presentes e um convite ao leitor a um livre flanar pelos rastros de um conhecimento subsumido das cátedras acadêmicas, mas que clama por sua palavra e seu sepultamento. Ensaiar é permitir, também, que a ficção, a poesia e a literatura entrem pela porta da frente na obstinação do saber. Se a ciência moderna carece de evidências acerca do morrer e seus processos, o ensaio responde, sem ferir os mistérios do mundo, com mais questões que permitem criar outras realidades, fora das instituídas. Junto com Walter Benjamin, Jorge Larrosa, Peter Pal Pelbart e outros filósofos, a dissertação problematiza a distância entre a pesquisa e a militância, flertando com o saber morrer e apostando no luto enquanto luta, ensaiando outras maneiras de dar sentido a ausência com a inventividade política dos movimentos de ocupação atuais para fazer frente ao projeto biopolítico.