Impacto da melatonina na função cognitiva e do sistema somato-sensorial de pacientes sob o primeiro ciclo de quimioterapia para câncer de mama : um ensaio clínico, randomizado, duplo-cego, controlado com placebo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Souza, Ana Cláudia de
Orientador(a): Caumo, Wolnei
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Dor
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/197210
Resumo: O tratamento sistêmico do câncer de mama é complexo e concorre com efeitos colaterais que podem comprometer a qualidade de vida. Dentre efeitos prevalentes como náuseas e vômitos, o comprometimento da função cognitiva, dor, alterações de humor e a qualidade do sono são frequentemente prejudicados. Atualmente não existe terapêutica disponível com a finalidade de auxiliar como adjuvante profilático na redução deste conjunto de sintomas sistêmicos. Evidências apontam a melatonina como um agente protetivo para os efeitos adversos dos quimioterápicos. O objetivo do estudo foi avaliar o efeito da melatonina em pacientes com câncer de mama submetidos ao primeiro ciclo de quimioterapia nos seguintes desfechos: (i) Função cognitiva relacionada à flexibilidade mental, memória episódica e atenção; (ii) Relação da performace cognitiva e níveis séricos de BDNF e TrkB; (iii) Sintomas depressivos; (iv) Qualidade de sono; (v) função do sistema modulador descendente da dor (DPMS), avaliado pela modulação da dor condicionada (CPM); (vi) efeito no estado neuroplástico por meio dos níveis séricos de BDNF, TrkB e S100B. Neste ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado com placebo, foram incluídas 36 mulheres, com diagnóstico de câncer de mama e com indicação de quimioterapia adjuvante. Elas foram randomizadas para receber 20 mg de melatonina diária, ou placebo, antes de dormir, tendo início três dias antes do primeiro ciclo de quimioterapia e se mantendo até o sétimo dias após a quimioterapia. O efeito do tratamento foi avaliado por meio de mudanças (valores pós menos pré tratamento) nos seguintes desfechos: Função cognitiva por meio do teste de trilhas partes A e B (TMT-A-B), teste de aprendizagem auditivo-verbal de Rey (RAVLT), teste de associação de palavras controladas (COWAT) e uma tarefa de ação inibitória do tipo Go / No-Go; a qualidade sono, por meio do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh; os níveis de sintomas depressivos por meio do Inventário de Depressão de Beck II; DPMS, limiar de dor ao calor (HPT), e tolerância à dor pelo calor (HPTo), pelo teste sensorial quantitativo da dor (QST) e modulação da dor condicionada (CPM). Os resultados desse estudo demonstraram que a melatonina melhorou função executiva no TMT-A-B, aumentou pontuação na memória episódica (imediata e tardia) e o reconhecimento no RAVLT e aumentou a fluência verbal no COWAT ortográfico. TMT-A-B foram negativamente correlacionados com os níveis basais de TrkB e BDNF, respectivamente. No final do tratamento, as alterações no TrkB e BDNF foram inversamente associadas com sintomas depressivos e qualidade do sono, mas não com o TMT-A-B. As alterações na NPS durante a tarefa de CPM no grupo placebo e melatonina foram de [1,70 (1,45) vs. -1,35 (1,11), P <0,001; η² = 0,60], respectivamente. A potência do DPMS aumentou em 43,5% no grupo melatonina e diminuiu em 93% no grupo placebo. A melatonina aumentou o HPT e a HPTo enquanto reduziu os níveis séricos de BDNF, TrkB e proteína S100-B. De acordo com os resultados deste estudo, sugere-se que o uso da melatonina pode contra-regular os efeitos adversos da quimioterapia adjuvante para câncer de mama na função cognitiva e do sistema somata-sensorial, com benéficios na qualidade de vida e bem estar das pacientes durante o tratamento.