Cultura marginal, violência, antropofagia : o teatro de Julio Zanotta Vieira nos anos 1978-80

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, Rafael da
Orientador(a): Sanseverino, Antônio Marcos Vieira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/280588
Resumo: O presente texto é resultado de pesquisa de mestrado acerca da obra de Julio Zanotta Vieira. O recorte do objeto da pesquisa contempla as quatro obras do autor, encenadas entre 1979 e 1980: A Divina Proporção (1978), A Felicidade não Esperneia, Patati, Patatá (1978), A Libertação do Diretor Presidente (1979) e As Cinzas do General (1980). Os textos constituem uma opção do autor pela militância por meio do engajamento artístico, uma vez que a luta armada não foi viabilizada naquele momento. Para a reconstituição dos espetáculos foram utilizados os textos encenados, registros fotográficos da época e entrevistas e críticas publicadas em periódicos no período. Foi realizada, ainda, pesquisa bibliográfica. A hipótese que balizou o estudo é de que Zanotta está inserido em um contexto de desenvolvimento histórico da produção cultural brasileira que passa por três momentos chave: os anos 1920 a 1940 e o Modernismo, os anos 1950 a 1960 e a Tropicália e os anos de 1970 e a Marginália. Esses três momentos viabilizam, gradativamente, a presença, na produção cultural hegemônica, de sujeitos e temáticas relacionados a extratos da sociedade antes presentes apenas em registro não central. Essa abertura a outros elementos da sociedade brasileira permite identificar a importância da violência como constituinte das relações sociais brasileiras, desde a chegada do colonizador, sendo possível identificá-la como um dos elementos centrais da sociedade e da cultura brasileiras. A violência, assim, constitui o centro temático da obra de Zanotta, o que demanda uma elaboração estética formal que seja capaz de dar conta desse elemento. Zanotta, portanto, age antropofagicamente na constituição dos quatro espetáculos, uma vez que devora elementos estéticos de diversas linhas teóricas que contribuam com a vitalidade de sua estética, sem prender-se a modelos específicos. A antropofagia, como metafísica ameríndia, transposta para a produção cultural, fornece o procedimento apropriado para a colocação em cena de uma proposta estética que seja adequada ao conteúdo cuja discussão Zanotta pretende realizar.