Avaliação econômica da implantação da unidade de ambiente protetor destinada a pacientes submetidos a transplante de medula óssea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Coutinho, Ana Paula
Orientador(a): Kuchenbecker, Ricardo de Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/24264
Resumo: Introdução: Avaliar o impacto das intervenções em saúde passa a ser obrigação, principalmente, daqueles que são responsáveis pelas decisões em saúde. Entre estes, estão os profissionais que prescrevem e determinam tratamentos, atuando como fontes geradoras de despesa, bem como os gestores, que devem garantir a melhor aplicação de recursos e ampliação do atendimento à população. A escassez de recursos tem levado os sistemas de saúde do mundo inteiro a incorporar metodologias de avaliação econômica para a tomada de decisão. Entre as demandas crescentes da população está a necessidade de transplantes, entre os quais o transplante de medula óssea (TMO). Um procedimento de alto custo, pela grande utilização de recursos no tratamento, tempo elevado de internação, além do investimento em prevenção de desfechos aos quais estes pacientes ficam sujeitos: infecções, rejeição ao enxerto e mortalidade. Objetivos: Este estudo tem como propósito avaliar a relação de custobenefício da criação de uma unidade de ambiente protegido (UAP) destinada a pacientes hematológicos submetidos a TMO em um hospital universitário brasileiro. Identificar os custos da criação e manutenção da UAP, estimar os custos associados à realização de transplantes de medula óssea em pacientes portadores de doenças hematológicas bem como os benefícios da implantação desta unidade em relação à freqüência de ocorrência de agravos de morbidade e mortalidade. Delineamento: Quase-experimento. Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo, onde a população é formada por coorte de pacientes adultos que realizaram TMO entre 5 de janeiro de 2004 e 7 de maio de 2007 – denominado Período 1 (P1) – e 4 de junho de 2007 e 18 de março de 2008 – denominado Período 2 (P2). Para a identificação do custo do paciente foram analisados todos os recursos utilizados por este a partir de sua primeira internação para a realização do transplante e as posteriores, num período de até seis meses de acompanhamento, considerando: custo da unidade de internação; nutrição; recursos de Serviços de Apoio ao Diagnóstico e Tratamento (SADT); custo em nota de sala; custos de procedimentos realizados; hemoterapia; oxigenoterapia; medicamentos utilizados; nutrição parenteral; radioterapia e quimioterapia. Para efeitos de comparação todos os custos foram ajustados para jan/08. Para medir o impacto assistencial, foram pesquisados desfechos como ocorrência de infecções e doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH). Resultados: Foram analisadas 166 pacientes e 233 internações no período pré-intervenção enquanto no período posterior foram analisados 45 pacientes e 58 internações hospitalares. O custo mediano por paciente foi de R$ 43.087,81 em P1 e R$ 37.303,87 em P2 (p= 0,466), esse mesmo custo quando estratificado por tipo de transplante resultou em redução de R$ 122.944,69 para R$ 100.555,48 em casos alogênicos (p=0,011) e mantevese igual em casos autólogos, sendo R$ 28.453,05 em P1 e R$ 28.305,24 em P2 (p=0,237). O índice de proteção da UAP sobre a variável infecção hospitalar, demonstrado através da razão de densidade de incidências foi de 0,83 (IC de 95% 0,56 a 1,23) e a taxa de infecção foi reduzida de 2,08% para 1,75%, sendo observada uma redução de 0,17 na incidência da mesma. A mortalidade na internação de realização do transplante foi reduzida de 0,16 em P1 para 0,11 em P2 e o índice de reinternação, de 0,40 para 0,28, respectivamente. Conclusão: A intervenção realizada no tratamento de pacientes submetidos a TMO, internação em UAP, demonstrou uma redução de 13% no custo mediano dos pacientes. O resultado por tipo de TMO demonstrou-se fortemente custo-benéfico nos casos alogênicos, aqueles considerados de maior complexidade e custo. Os dados de infecção, mortalidade e reinternação sugerem uma intervenção eficaz quando analisada sob a perspectiva dos desfechos assistenciais. Do ponto de vista econômico, também foi observado resultado favorável à intervenção em estudo, ainda que o mesmo também não tenha apresentado força estatística.