A passagem adolescente em contextos de vulnerabilidade e exclusão social

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Warpechowski, Marisa Batista
Orientador(a): De Conti, Luciane
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/205420
Resumo: Este trabalho de pesquisa tem como objetivo interrogar e analisar, a partir do referencial psicanalítico e da escuta clínica, as singularidades da passagem adolescente para jovens marcados por processos de vulnerabilidade e exclusão social atendidos na política pública em um Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Nesse serviço, a partir do trabalho de acolhimento e de escuta a famílias em situação de violações de direitos, passamos a interrogar a passagem adolescente para estes jovens que trazem em sua história as marcas da vulnerabilidade e exclusão social, que vivem em comunidades conflagradas pela violência, que sofrem pelo efeito do desamparo social e discursivo. Este trabalho se inscreve na articulação da psicanálise e da política pública de assistência social e visa a enlaçar as questões subjetivas e políticas, considerando o sujeito em sua posição desejante no laço social, bem como sua posição de cidadão de direitos. Com a psicanálise, reconhecemos a adolescência como um trabalho psíquico, como momento de construir uma nova posição subjetiva, em que ocorre uma ressignificação da imagem corporal diante de um outro olhar, diferente daquele do grande Outro materno. Nesta ressignificação, o enfrentamento com o real pubertário pode produzir efeitos da ordem do traumático. Nesse processo, o adolescente tem de construir um lugar social diferente daquele da família, porém, um lugar subjetivo enquanto sujeito no mundo, fazendo parte desta construção tomar a palavra e falar em nome próprio. No percurso dessa pesquisa, construímos nossas referências teóricas a partir de Freud, Lacan e outros analistas contemporâneos que articulam subjetividade e política. Fundamentamos nossa proposta metodológica no entendimento acerca da pesquisa psicanalítica, que enlaça a clínica, pesquisa e intervenção. Para atingir nosso objetivo, escutamos os adolescentes atendidos no CREAS utilizando o dispositivo de rodas de conversa. Entendemos as rodas de conversa como uma tessitura, como produto de diversas conexões entre os sujeitos, os diferentes fios da vida que cada um vai entrelaçando e formando uma rede. Apostamos que o acontecer grupal pode construir redes que acolham estes sujeitos em seus desamparos e também descubra suas potências construindo outras formas de nomeação e inscrição no laço social mais satisfatórias e menos destrutivas. A partir da escuta de alguns significantes que emergiram nas rodas de conversa, realizamos a construção de três casos clínicos. Nos casos trabalhados, podemos apontar que os adolescentes — mesmo compartilhando de uma mesma trama social — constroem modos singulares de realizar a passagem adolescente e que, nesse contexto social, os obstáculos e limites que esses jovens encontram tornam esse trabalho psíquico de adolescer ainda mais difícil.