Obesidade e neuroprogressão : estudos de associação com enfoque na funcionalidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Reckziegel, Ramiro de Freitas Xavier
Orientador(a): Gama, Clarissa Severino
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/238967
Resumo: Transtorno bipolar (TB) e esquizofrenia (SZ) são transtornos psiquiátricos graves e persistentes (TMGP) com curso muitas vezes progressivo associado a significativo prejuízo funcional para as atividades diárias. Indivíduos com esses transtornos também apresentam prevalências muito aumentadas de sobrepeso e obesidade e têm como principal causa de morte eventos cardiovasculares, morrendo entre 10 e 20 anos mais cedo do que o restante da população. Os mecanismos fisiopatológicos comuns à obesidade e TMGP são ainda muito pouco estudados para uma comorbidade tão prevalente e de morbimortalidade tão elevada. O objetivo desta tese foi estudar a obesidade em TMGP a partir da perspectiva da neuroprogressão. O primeiro estudo apresentado consiste na revisão dos achados clínicos e biológicos que corroboram os modelos de neuroprogressão e neurodesenvolvimento em SZ. A partir dessa perspectiva, foram propostos dois estudos experimentais, um analisando a associação do índice de massa corporal (IMC) com um marcador de conectividade cerebral em TB e o outro com a funcionalidade na SZ, ambos comparados a um grupo controle sem transtornos psiquiátricos (CTR). O IMC está associado a alterações microestruturais do giro do cíngulo direito em indivíduos com TB (AdjR²=0,312 F(3)=5,537 p=0,004; β=-0,340 p=0,034), mas não em CTR, sugerindo que a interação entre TB e obesidade esteja associada à diminuição de conectividade límbica. Já no outro estudo, cerca de 22% da variação dos escores funcionais em CTR (AdjR²= 0,225 F(3,284)=28,79 p<0,001) foi descrito por um modelo com efeito do IMC (β=0,509 t=9,240 p<0,001) e da idade (β=0,174 t=3,118 p=0,002), enquanto que em indivíduos com SZ foram apenas os anos vividos com a doença que se associaram a pior funcionamento (β=0,197 t=2,615 p=0,009). Em conjunto, demonstramos uma área cerebral possivelmente envolvida na interação deletéria entre obesidade e TB, além de evidenciar que a obesidade traz prejuízos ao funcionamento diário na população em geral. Ambas embasam a importância de estratégias de combate à obesidade para a promoção da saúde mental na comunidade. Além disso, dada a inquestionável associação do excesso de peso com aumento da morbimortalidade, sua identificação e manejo devem ser prioridades dos profissionais de saúde.