Avaliação de resultados de intervenção breve antibullying para adolescentes em escolas públicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Bottan, Gabriela
Orientador(a): Heldt, Elizeth Paz da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/180502
Resumo: O comportamento agressivo e uma de suas apresentações, o bullying, têm-se mostrado um problema crescente nas escolas brasileiras, com cerca de um terço dos alunos envolvidos como agressor ou como vítima. A violência em geral, assim como no ambiente escolar, é multicausal e, exatamente por esse motivo, difícil de ser controlada. Intervenções que visem prevenir e diminuir a ocorrência de bullying no ambiente escolar ainda são escassas na realidade brasileira. Os objetivos do presente estudo foram os de avaliar os resultados de uma intervenção breve antibullying para adolescentes de escolas públicas e de verificar a associação entre os tipos de bullying com as características demográficas, de temperamento e de problemas de saúde mental dos alunos. Trata-se de um quase-experimento, realizado com alunos do 5º ao 9º ano de quatro escolas (duas intervenção e duas controles) da rede pública, de ambos os sexos e com idade entre 12 e 17 anos. A intervenção breve e aplicada em toda a escola (denominada na língua inglesa whole-school intervention) refere-se a uma abordagem educativa sobre bullying e de sensibilização para alunos e para professores. O desfecho bullying foi avaliado por meio do Questionário de Bullying (QB) versão vítima e versão agressor. Os instrumentos utilizados para verificar as características de temperamento e os problemas de saúde mental foram o Affective Reactivity Index – versão criança (ARI-C) e o Questionário de Capacidades de Dificuldades – versão criança (SDQ-C), respectivamente Os instrumentos foram aplicados no horário de aula e com a autorização dos pais, no período anterior e posterior à intervenção. Nas escolas do grupo controle, os instrumentos também foram aplicados no mesmo intervalo de tempo do grupo intervenção. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Secretaria Municipal da Saúde (CAEE 19651113.5.3001.5347). Um total de 1.043 alunos foi incluído, sendo 526 (50,4%) meninas, com média de idade (desvio padrão) de 12,5 (DP=1,62) anos. Verificou-se que 146 (14%) estavam envolvidos com bullying como agressores, 163 (15,6%) como vítimas e 339 (32,5%) como vítimas-agressores. Observou-se associação significativa entre ser vítima (B=0,26) e agressor (B=0,28) com temperamento mais irritável. Também foi significativa a relação entre ser agressor com problemas de conduta (B=0,30) e ser vítima com problemas de relacionamento (B=0,52), conforme o SDQ-C. As escolas foram sorteadas, sendo alocados 613 (58,8%) alunos para o grupo intervenção e 430 (41,2%) para o controle. Não foi observada diferença significativa nos escores de bullying, considerando-se a interação tempo*intervenção. Tanto no grupo intervenção quanto no grupo controle, manteve-se a associação significativa verificada entre vítimas e agressores com maior temperamento irritável, problemas de conduta e de relacionamento após a intervenção. Os resultados do presente estudo indicam que intervenções breves, com inclusão somente de alunos, podem ser úteis como estratégia educativa sobre o tema, porém não são efetivas para modificar o envolvimento com bullying na escola. Novas pesquisas com intervenções de longo prazo, que sejam focadas na população de envolvidos e que incluam pais e professores, ainda precisam ser testadas para modificar o comportamento relacionado ao bullying escolar.