Comer intuitivo e desfechos de saúde em pacientes com diabetes melito tipo 2

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Koller, Olívia Garbin
Orientador(a): Almeida, Jussara Carnevale de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/256591
Resumo: Introdução: Programas estruturados com restrição calórica e prática de atividade física vêm sendo utilizados para promoção da perda de peso e melhora do controle metabólico em pacientes com diabetes melito tipo 2 (DM2). Entretanto, há fragilidade de evidência do peso sustentado (mais de um ano) para este tipo de tratamento. Abordagens com foco na “não-dieta”, tais como Comer Intuitivo (CI) e Comer com Atenção Plena, promovem perda de peso sem diferença estatística quando comparado com o tratamento convencional e parecem ser uma alternativa de tratamento. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a associação entre CI e desfechos de saúde em pacientes com DM2. Métodos: Estudo transversal com pacientes com DM2 atendidos na atenção primária (UBS Santa Cecília) e em ambulatório especializado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Pacientes responderam a Intuitive Eating Scale-2 (IES-2) e Three Factor Eating Questionnaire (TFEQ-R21) e foram submetidos a avaliação clínica e antropométrica. Padrões de comer intuitivo foram determinados pela análise de cluster a partir das questões da IES-2 e suas características comparadas conforme a distribuição das variáveis. Modelos de regressão logística foram construídos para investigar a possível associação entre os padrões de comer intuitivo e desfechos de saúde otimizados (IMC, cintura e alvos metabólicos), com ajuste para variáveis confundidoras escolhidas conforme análise univariada e relevância clínica. Foram calculados modelos de regressão linear para avaliar a associação entre o incremento de 10 pontos na pontuação na IES-2 e a variabilidade dos desfechos de saúde (variável dependente), com ajuste para as mesmas variáveis confundidoras. P <0,05 foi considerado significativo. O estudo foi aprovado pelo CEP GPPG HCPA sob no. 2020-0654. Resultados: Foram avaliados 267 indivíduos, sendo 62% mulheres, com idade de 60 anos (53-65), índice de massa corporal (IMC) 31,9 ± 5,4 kg/m2, duração do diabetes de 16 ± 9 anos, hemoglobina glicada (HbA1c) de 8,5 ± 1,5% e pontuação na escala IES-2 de 58% (50-67). Três padrões de comer intuitivo foram determinados pela análise de cluster: pacientes com maior comer intuitivo (Padrão 1); pacientes com o comer não guiado pelas emoções (Padrão 2), e pacientes com menor comer intuitivo (Padrão 3). Os pacientes do Padrão 3 eram mais jovens, incluíam uma maior proporção de mulheres, com obesidade, em uso de psicofármacos e apresentaram maiores valores de HbA1c quando comparados ao Padrão 1, mas sem diferenças em relação ao Padrão 2. Pacientes do Padrão 1 apresentaram menor IMC, glicemia de jejum e triglicerídeos quando comparados aos outros grupos (p<0,05 em todas as análises). Modelos de regressão logística confirmaram a associação entre pacientes com maior comer intuitivo (Padrão 1) e a chance de estarem com o IMC dentro dos valores de eutrofia [Razão de Chances (RC) = 12.15; 95% CI 1.51 - 92.64] e com os valores de triglicerídeos no alvo (RC = 3.32; IC 95%=1.53-7.71) quando comparados àqueles com menor comer intuitivo (Padrão 3). Ainda, cada aumento de 10 pontos na IES-2 foi associado a variabilidade de -0,62 kg/m2 IC95% (-1,18, -0,06) nos valores de IMC, de -1,90 cm (IC95% -3.26; -0.54) na circunferência da cintura e -23 mg/dL (IC95% -38,27, -7,39) nos valores de triglicerídeos, após ajuste para variáveis confundidoras. Conclusão: Em pacientes ambulatoriais com DM2, comer intuitivamente foi associado a valores otimizados de IMC e triglicerídeos, quando comparado com pacientes com menor comer intuitivo.