Dieta materna durante a gestação : impactos comportamentais e neuroquímicos na prole

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Silveira, Josiane Silva
• Orientador(a): Wyse, Angela Terezinha de Souza
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Fenômenos fisiológicos da nutrição materna; Suplementos nutricionais; Ácido fólico; Dieta rica em proteínas
• Palavras-chave em Inglês: Amino acid; Anxiety; Behavior; Depression; Folic acid; Gestation; High-protein diet; Homocysteine; Memory; Motricity; Neuroinflammation; Offspring; Nitric oxide; Oxidative stress
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/252463

A dieta materna consumida durante a gestação pode afetar o neurodesenvolvimento, o comportamento, o metabolismo, a homeostase redox e o estado inflamatório da prole. Durante a gestação a demanda de folato aumenta para a manutenção das reações de transferência de um carbono, que participam da síntese de DNA, e reações de metilação biológica importantes para o crescimento uterino, placentário e fetal. Além disso, as proteínas consumidas pela dieta são uma fonte de aminoácidos que são cruciais para o crescimento e desenvolvimento fetal adequado. No entanto, estudos têm demonstrado que alterações no consumo materno durante a gestação de macronutrientes ou micronutrientes podem causar prejuízos na prole. Baseado nisto, o objetivo dessa tese foi investigar os efeitos da suplementação de ácido fólico ou do consumo de dieta hiperproteica durante a gestação sobre parâmetros comportamentais e neuroquímicos no córtex cerebral e soro da prole de ratos machos. No capítulo I, as ratas prenhes foram randomizadas em dois grupos, de acordo com a dieta: grupo 1, (controle) dieta padrão (2 mg/kg dieta de ácido fólico) e grupo 2, dieta suplementada com 4 mg/kg dieta de ácido fólico. No capítulo II, as ratas prenhes foram divididas aleatoriamente em dois grupos, de acordo com a dieta: grupo 1, (controle) dieta padrão contendo 20% de proteína e grupo 2, dieta hiperproteica contendo 50% de proteína. Durante todo o período gestacional as ratas prenhes receberam as dietas experimentais. Em ambos os capítulos, a prole de 21 dias pós-natal a foi submetida a uma bateria de testes comportamentais, a saber: qualidade do cuidado materno, preferência olfatória da prole pelo odor maternal, campo aberto, reconhecimento de objetos, labirinto em cruz elevado, transição claro-escuro, teste de depressão relacionada à alimentação, escada horizontal, trave de equilíbrio e rotarod. Após a realização dos testes comportamentais, a prole foi eutanasiada e o soro e o córtex cerebral total foram imediatamente coletados para análise dos parâmetros neuroquímicos (homeostase redox, neuroinflamação e níveis de aminoácidos teciduais e séricos). Os resultados do capítulo I demonstram que a dieta suplementada com 4 mg/kg de ácido fólico durante toda a gestação prejudicou a memória e a motricidade da prole quando comparada ao controle. Também foi observado um aumento no comportamento do tipo ansioso e depressivo neste grupo, bem como os níveis de nitritos que aumentaram no córtex cerebral da prole. Entretanto, o imunoconteúdo e a expressão de óxido nítrico sintase induzível não foram alterados. Além disso, identificamos um aumento na expressão gênica do fator de necrose tumoral-α, interleucina-1β, interleucina-6, interleucina-10 e da proteína quimioatraente de monócitos-1 no córtex cerebral da prole suplementada com ácido fólico ao longo da gestação. Em relação ao capítulo II, os resultados evidenciaram um aumento nos níveis de homocisteína e mediadores neuroinflamatórios no córtex cerebral da prole de ratas prenhes que consumiram dieta hiperproteica durante toda a gestação. Além de diminuir os níveis de histidina no soro da prole. Os resultados também revelaram prejuízos na memória e motricidade e um aumento do comportamento do tipo ansioso na prole suplementada com dieta hiperproteica durante a gestação. Os resultados dessa tese indicam que a suplementação com ácido fólico ou o consumo de dieta hiperproteica durante a gestação podem causar prejuízos neuroquímicos e comportamentais na prole de ratos machos. Em conjunto, esses achados fornecem uma nova base para a compreensão dos resultados bioquímicos e comportamentais associados à suplementação de ácido fólico ou o consumo de dieta hiperproteica durante todo o período gestacional.