A liberdade é terapêutica? : articulações entre redução de danos e atenção básica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Escobar, Juliana de Bittencourt
Orientador(a): Paulon, Simone Mainieri
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/213064
Resumo: A terapêutica liberdade, afirmada pela Reforma Psiquiátrica (RP), foi e é muito importante para sustentar o quanto a clausura do manicômio e suas lógicas produzem adoecimento. O campo das drogas tem tensionado os modos de cuidado na saúde mental, através de estratégias-limite como internações compulsórias e afastamento do usuário de seus territórios. Ao mesmo tempo, este campo já produziu possibilidades importantes de atenção na perspectiva libertária a partir da Redução de Danos. Neste momento em que se enclausura o usuário de drogas, é importante retomar a liberdade, esta palavra de ordem da RP, para analisar as práticas de cuidado. Sendo a Atenção Básica campo privilegiado de cuidado territorializado em saúde e transformação das práticas de saúde, se faz pertinente analisar as tensões da produção de cuidado no território. Este trabalho tem por objetivo analisar como a Redução de Danos contribui para a Atenção Básica promover práticas de liberdade. Através da cartografia, foram produzidas narrativas de três campos de pesquisa marginais: experiência como residente da atenção básica do Grupo Hospitalar Conceição; experiência como apoiadora pedagógica do Projeto Caminhos do Cuidado: Formação em Saúde Mental (crack, álcool e outras drogas) para agentes comunitários de saúde (ACS) e auxiliares/técnicos de enfermagem (ATenf) da Atenção Básica; e experiência da pesquisa do grupo Intervires, intitulada Qualificação da Saúde Mental na Atenção Básica: análise das práticas de equipes da Região 10 - Macrometropolitana/RS a partir do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Parte-se da análise das tensões, limites e limiares produzidos nas relações de cuidado no território, como incidem na produção de heteronomia e autonomia na atenção básica e como a experiência e saber marginal do Agente Comunitário de Saúde podem operar enquanto limiar. Para compreender a redução de danos enquanto ética de cuidado, analisamos a construção da RD e suas articulações com a atenção básica e a terapêutica liberdade. Entendendo a liberdade enquanto prática relacionada ao cuidado de si, buscamos tatear algumas compreensões deste conceito a partir de autores como Foucault e Nietzsche. Compreendemos que a liberdade é terapêutica por ampliar as possibilidades e métodos de cuidar-se, por refletir sobre si, conectando-se consigo e dominando sua vida a partir de relações com outros que produzam limiares, zonas de passagens para transformações e criações de si.