Acumulação primitiva, desapossamentos e expropriações contemporâneas e o Global Land Grab

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Sibemberg, Raul Trajano
Orientador(a): Herrlein Junior, Ronaldo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/187602
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo oferecer uma discussão de economia política a respeito de alguns dos dispositivos predatórios de acumulação que perpassam a história do desenvolvimento capitalista, escapando formalmente ao domínio da exploração produtiva, caracterizados pelo seu efeito de espoliação, esbulho. Inicialmente, é descrita a chamada acumulação primitiva e discutida a importância do processo histórico que serve de base para a análise descritiva de Marx, o papel que a gênese de elementos representados pela acumulação primitiva possui no decorrer da análise marxiana do capitalismo e reinterpretações marxistas que fazem referência à continuidade da acumulação primitiva. A seguir, propõe-se discussão a respeito da tendência à expansão das bases sociais e espaciais da acumulação capitalista, enquanto resultado dos limites intrínsecos à acumulação de capital que se manifestam na tendência de queda da taxa de lucro e nas crises. Voltando a análise ao capitalismo contemporâneo, é realizado trabalho de contextualização a respeito da mundialização do capital e do neoliberalismo, para então discutir teorizações a respeito das formas contemporâneas de desapossamento e expropriação, enquanto formas predatórias de acumulação. Na parte final, são discutidas as espoliações de terra, à luz da literatura emergente do global land grab, oferecendo bases analíticas presentes no campo da economia política agrária que auxiliam na compreensão da aceleração dos investimentos em terras na última década, bem como o alcance explicativo dos conceitos discutidos nos capítulos iniciais no contexto da apropriação corporativa de terras, para então discutir a introdução do tema do land grabbing no Brasil e os limites das análises que interpretam o fenômeno enquanto “estrangeirização de terras”, que se faz evidente no contexto brasileiro, onde os principais atores das espoliações de terra (ainda) são nacionais. Conclui-se que a discussão da acumulação primitiva é extremamente atual, embora, enquanto conceito, não tenha poder explicativo diante do desenvolvimento generalizado e global das relações capitalistas. A acumulação por espoliação, por outro lado, oferece uma base teórica geral para analisar o capitalismo neoliberal e suas tendências socialmente perversas, que se manifestam na conjuntura abordada pela literatura do land grabbing, bem como em um histórico secular de apropriação de terras, dentre outros objetos e espaços sujeitos às espoliações.